Um estudo realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular (Cepasp) e Movimento Debate e Ação (MDA) mostra a nocividade de projetos de mineração, como o da siderúrgica Aços Laminados do Pará (Alpa), para o meio ambiente e para a sociedade.
Raimundo Gomes, uns dos coordenadores do estudo, diz que o desmatamento em grande escala é inevitável. “A floresta é derrubada na área da jazida onde vai ser retirado o minério”, introduz. No entanto, a degradação na natureza se acentua, pois, “mais áreas são desmatadas no entorno para a construção de alojamentos, estradas, linhas de transmissão de energia e pátios de depósitos de minério”.
Segundo o estudo, a poluição é outro agravante. “O ar, a água e o solo são contaminados pelo uso de tóxicos e substâncias utilizada no processo de extração e transformação do minério”, afirma o estudo. Para completar, Gomes alerta que, “como o minério é retirado do subsolo, as áreas são transformadas em enormes crateras, provocando danos ambientais irreparáveis”.
Social
No âmbito social,Gomes diz que os impactos desses empreendimentos contribuem para a desestruturação sócio-econômica. “Com a expectativa da oportunidade de emprego e renda ocorre um grande fluxo migratório, mas, como essas oportunidades são muito limitadas, os que chegam se somam àqueles que já estão desempregados, formando um grande exército reserva de mão-de-obra pronto para ser explorado por outras empresas da região”, explica.
A perda de território também é outro agravante. “Os projetos de mineração vêm de fora para dentro, ou seja, eles chegam sem que os trabalhadores rurais, ribeirinhos e índios tenham condições de optar, sendo na maioria das vezes expulsos de suas terras”, relata Gomes.
Por fim, o aumento das desigualdades. Conforme denuncia o estudo, os projetos minerais geram um pequeno grupo beneficiado de políticos, empresários e comerciantes, muito deles de fora da região. “Em contrapartida, o que se vê é o equivoco e as contradições desses grandes empreendimentos minerais, que saqueiam nossa riqueza e em troca deixa a miséria e a pobreza”, lamenta Gomes.
(Por Marcio Zonta, Brasil de Fato, 24/08/2010)