Peixes de diversas espécies foram encontrados mortos no valão da rua Curitiba, próximo às obras de drenagem na BR 448, no bairro Mathias Velho, em Canoas. A ocorrência foi constatada no sábado por moradores que vivem próximo ao local. Segundo a prefeitura, o número de peixes mortos pode chegar a 4 mil. Na tarde de ontem, técnicos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente coletaram amostras da água para analisar as causas da mortandade. Os resultados devem ser divulgados dentro de uma semana.

"Pudemos constatar o acúmulo de óleo e de muita matéria orgânica, o que leva a acreditar que o nível de oxigênio estava muito baixo", afirmou a bióloga Nade Coimbra. O calor, segundo ela, pode estar relacionado à diminuição do oxigênio.

Os técnicos ainda encontraram mais um ponto de mortandade em uma vala transversal que passa por lavouras de arroz. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria do Meio Ambiente, o fato abre suspeitas de contaminação por agrotóxicos. "Esse local já está no limite de estresse para os organismos que estão ali", acrescentou Nade.

Enquanto técnicos analisavam as causas da mortandade, a vizinhança reclamava ontem do odor. "O cheiro está muito forte. Moro aqui há 22 anos e nunca tinha visto uma mortandade como essa", afirma o agricultor Alcebíades da Silva Alves, cuja propriedade está localizada a 300 metros do valão.

Moradores reclamam que, durante o final de semana, a Brigada Militar foi acionada, mas nenhuma equipe esteve no local. "Espero que o problema seja investigado para que não aconteça de novo", relatou um comerciante que não quis se identificar.

De acordo com ele, a situação é crítica porque os peixes estavam em época de reprodução. Ele e os demais moradores acreditam que um produto químico possa ter sido despejado na água. "A água estava branca e no sábado de manhã ficou preta", comentou.

O Comando Ambiental da Brigada Militar alegou que não foi acionado no final de semana. Segundo o capitão Rodrigo Santos, casos como esse são provocados pela falta de oxigenação. "Isso é muito comum em arroios e cursos d''água com alta contaminação de esgoto sanitário." As espécies de peixe encontradas no local foram traíra, jundiá, pintado, lambari e acará.

(Correio do Povo, 24/08/2010)