Tanto os indivíduos sociais quanto os sistemas políticos estão envolvidos no caminho por uma nova utopia, que seja democrática de fato, defende o alemão Daniel Cohn-Bendit, deputado do parlamento Europeu reeleito em 2009 e o maior representante do partido político Os Verdes, presente ontem em Porto Alegre no ciclo de palestras Fronteiras do Pensamento.
Ao apontar o colapso da utopia do neoliberalismo, representado pela crise que evidenciou a incapacidade do mercado econômico de controlar tudo, Cohn-Bendit lembra que qualquer utopia no sentido de dirigir a sociedade está fadada ao fracasso, assim como a dos maoístas, trotskistas, anarquistas ou libertários.
"A crítica à atual política de desenvolvimento está correta, assim como a crítica contra a sociedade do consumo". O deputado alemão pontua a impossibilidade de proibir por lei que as pessoas consumam. "A sociedade deve se transformar a ponto de mudar suas necessidades. Não pode surgir uma ditadura ecológica para combater as mudanças ecológicas. Mas é certo que é necessário uma transformação ecológica do capitalismo. Como conseguir isto democraticamente é a minha utopia".
Um dos desafios atuais, segundo ele, é lidar com o ressurgimento do nacionalismo econômico na Europa, realçado pela crise da Grécia. Cohn-Bendit questiona posturas nacionais e adverte para uma escolha: "Ou a Europa se entende como unidade e, neste caso somos responsáveis por todos, ou ela se volta para uma ''renacionalização''".
(Correio do Povo, 24/08/2010)