Versões geneticamente modificadas da planta canola estão florescendo sob a forma de ervas daninhas no Estado de Dakota do Norte, dizem cientistas, em uma das primeiras instâncias de uma variedade transgênica que se espalha livremente na natureza.
A canola transgênica também foi encontrada crescendo no Japão, que nem sequer cultiva a planta, apenas a importa.
Até que ponto isso pode ser um problema é uma questão a ser discutida. Mas críticos dos transgênicos há muito tempo avisam que é difícil impedir que genes -no caso em pauta, genes que conferem resistência a herbicidas comuns- se espalhem, com consequências indesejadas.
"Se há um problema em Dakota do Norte é que essas plantas cultivadas para fins comerciais estão virando mato", disse Cynthia L. Sagers, professora de biologia na Universidade do Arkansas, autora de estudo a respeito.
A canola, cujas sementes são prensadas para produzir óleo de cozinha, é um tipo de colza desenvolvido por cultivadores no Canadá. Nos EUA ela é produzida principalmente em Dakota do Norte e Minnesota, embora seu cultivo venha se ampliando.
Aparentemente, as plantas à beira de estradas começam a crescer quando sementes são trazidas de cultivos pelo vento ou caem de caminhões.
Nas planícies do Canadá, onde a canola é plantada em grande escala, plantas transgênicas que crescem na beira de estradas e são resistentes ao herbicida Roundup estão virando um problema, disse Alexis Knispel, que acaba de concluir uma dissertação de doutorado sobre o tema na Universidade de Manitoba.
Alguns fazendeiros, disse ela, estão sendo obrigados a voltar a arar seus campos para controlar as plantas indesejadas -prática que contribui para a erosão do solo- porque não podem mais usar o Roundup. Knispel disse também que a proliferação da canola na beira de estradas dificultará a conservação da canola orgânica livre de material transgênico.
A Monsanto, que desenvolveu a canola Roundup Ready, uma das plantas transgênicas, disse que as descobertas não são surpreendentes nem preocupantes.
Segundo a empresa, antes mesmo de serem desenvolvidas as plantas transgênicas, a canola já crescia na beira de estradas; hoje, quando 90% da canola plantada por fazendeiros é transgênica, seria razoável prever uma porcentagem semelhante nas amostras na beira de estradas.
Segundo Cynthia Sagers, das 604 plantas coletadas, 80% eram transgênicas. Algumas eram Roundup Ready, cotadas de um gene que confere resistência ao Roundup, conhecido como glifosato. Outras são plantas Liberty Link, com um gene que confere resistência ao glufosinato.
Milho e soja transgênicos não se fixaram na natureza, apesar de serem cultivados em grandes extensões. Segundo Norman Ellstrand, professor de genética, "eles simplesmente não gostam de crescer na natureza".
(Por Andrew Pollack, The New York Times, Folha de S. Paulo, Circuito MT, 23/08/2010)