Uma maior ocupação das unidades de reciclagem poderia amenizar vários problemas da sociedade brasileira e permitir uma destinação adequada para os resíduos. Porém, o presidente da Plastivida Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos, Francisco de Assis Esmeraldo, destaca que falta um sistema eficiente de coleta seletiva para que isso se torne uma realidade.
Para aumentar a coleta seletiva no País, Esmeraldo afirma que é necessário traba-lhar na questão da educação da sociedade e estabelecer uma legislação punitiva para quem não contribuir com a iniciativa. No Brasil, segundo informações da Plastivida, dos 5.564 municípios, somente 7% contam com coleta seletiva.
Já de acordo com dados de uma pesquisa encomendada com a empresa Ma-xiquim, a capacidade ociosa das empresas de reciclagem de plástico era de 37% em 2003. Esse percentual vem caindo, mas lentamente, atingindo 33% em 2007. Esmeraldo informa que novo levantamento foi solicitado, e a perspectiva é que o trabalho aponte uma ociosidade de cerca de 30% no ano de 2009. Ele estima que, atualmente, a capacidade de reciclagem mecânica no Brasil é de cerca de 1,25 milhão de toneladas ao ano.
O dirigente argumenta que uma maior ocupação das unidades de reciclagem poderá reduzir a importação de lixo contaminado que chega ao País com os dizeres “polímeros de etileno para reciclagem” ou “resíduos plásticos”. “Muitas vezes, para reduzir essa ociosidade, ocorre uma venda ‘casada’, na qual são incluídos ou-tros rejeitos”, argumenta o presidente da Plastivida. Ele lembra que na semana passada o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgou a apreensão de 22 toneladas de lixo doméstico interceptadas no porto do Rio Grande, vindas do porto de Hamburgo (Alemanha). Caso parecido já havia sido registrado, no mesmo porto em 2009, quando o Ibama encontrou resíduos domésticos vindos da Inglaterra. Além de Rio Grande, na época, as cargas irregulares foram também interceptadas em Santos e no terminal de contêineres de Caxias do Sul. São procedimentos ilegais que chegam, até mesmo, a envolver questões diplomáticas e que levantam as discussões que abrangem o gerenciamento do lixo no mundo.
Além da reciclagem mecânica, a Plastivida também tem trabalhado na promoção do conceito da reciclagem energética, um dos pontos contemplados na Política Nacional de Resíduos Sólidos, como uma alternativa para a solução do lixo urbano. Trata-se de um processo que transforma o lixo em energia, através da queima, e atua como complemento ao trabalho dos catadores e cooperativas de reciclagem mecânica.
(JC-RS, 23/08/2010)