Meteorologia explica que fenômeno é causado por fumaça de queimadas trazida pelo vento de noroeste
Consequência das queimadas que atingem as regiões Centro-oeste e Norte do país, o Rio Grande do Sul passou o fim de semana encoberto por uma densa nuvem de fumaça. O céu acinzentado é fruto da combinação do tempo seco com o vento que sopra do sentido Norte para o Sul, que favorece o deslocamento da fumaça para os Estados da Região Sul.
A situação foi observada ontem por moradores da maioria dos municípios gaúchos. Em Santa Catarina e no Paraná, a fumaça também foi avistada. De acordo com o meteorologista Eduardo Gonçalves, da Somar Meteorologia, os gases produzidos pelas queimadas devem permanecer no ar até amanhã, quando uma frente fria traz chuva e deve eliminar a fumaça.
Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o agrometeorologista Gilberto Cunha explica que as regiões Centro-Oeste e Norte vivem o auge da estiagem entre abril e agosto.
– Nesta época do ano, o problema das queimadas se intensifica. Para nós do Rio Grande do Sul, não vejo maiores problemas, mas isso mostra uma condição climática inadequada – diz.
O país somente deve se livrar do problema gerado pelas queimadas a partir de setembro, quando se inicia a temporada de chuvas no Cerrado e na Amazônia, segundo o especialista.
Os gases que estão na atmosfera não são apenas produto das queimadas, mas também da própria poluição das cidades. O meteorologista Eduardo Gonçalves explica que, devido ao tempo seco, os poluentes encontram dificuldades para se dissipar, tornando a fumaça ainda mais densa. No fim de semana, havia 1.085 focos de queimadas na América do Sul, sobretudo no Brasil, Bolívia e Paraguai.
Devido à situação, a meteorologia não descarta a repetição, amanhã, de um novo registro de chuva ácida no Estado, como a que ocorreu no dia 12, na Capital. O fenômeno ocorre quando as gotas atravessam camadas de fuligem no ar, trazendo as partículas de poluentes para a superfície.
A fumaça que toma conta do Estado piora a qualidade do ar, fazendo com que pessoas suscetíveis a doenças respiratórias possam ter seus problemas agravados. O pneumologista José Miguel Chatkin, professor de pneumologia da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), explica que as partículas que compõem a fumaça são altamente irritantes:
– As partículas menores entram no pulmão, ocasionando tosse e aumento da expectoração.
(Zero Hora, 23/08/2010)