Ajudar a criar a conscientização entre os produtores rurais sobre a importância de manter um equilíbrio entre o trabalho no campo e a preocupação ambiental sempre foi a missão da bióloga da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, Luiza Chomenko. Agora, depois de anos de dedicação, ela comemora a evolução alcançada nessa área.
“Esse trabalho nunca foi fácil, mas o resultado valeu a pena e temos hoje evoluções fantásticas no Estado”, observa. Luiza é graduada em Biologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e fez mestrado em Ecologia na mesma instituição de ensino. Na Alemanha se tornou doutora em Biogeografia pela Universität Der Saarland.
Em seu retorno ao Brasil, no final da década de 1980, Luiza retomou suas funções na Fundação Estadual de Proteção (Fepam) e acabou indo fazer um trabalho na Reserva do Taim. O objetivo era avaliar o impacto da lavoura de arroz. Para a especialista, o trabalho realizado na região foi um marco poque começou a mostrar a necessidade de se discutir questões ambientais relacionadas ao setor rural.
Na década de 1980 foram criadas as principais leis ambientais do Brasil. Também foi nesse período que o movimento ambiental no Rio Grande do Sul começava a se tornar uma realidade. “Foi um aprendizado para mim e para os produtores. Hoje a maioria deles está consciente de que precisam considerar a variável ambiental na produção”, revela.
Atualmente, Luiza está na Fundação Zoobotânica (FZB), órgão responsável pela promoção e conservação da biodiversidade no Rio Grande do Sul. Ao avaliar o trabalho que foi sendo feito por diversos profissionais nas últimas décadas nessa área da preservação ambiental, Luiza diz que o Rio Grande do Sul conquistou uma posição de destaque. Segundo ela, a agricultura gaúcha está muito bem encaminhada nas questões ambientais. Isso não significa, porém, que o trabalho esteja concluído. Alguns avanços ainda terão que acontecer até mesmo para o estado manter mercado no exterior. “Enquanto estivermos trabalhando com questões de agronegócios aliadas com as de ambiente abriremos portas para nos internacionalizarmos”, projeta.
Bióloga teme perda de conquistas com o novo código florestal
A bióloga Luiza Chomenko é engajada em muitas causas na área ambiental e faz parte da mesa diretiva da Alianza del Pastizal, grupo voltado para a conservação da biodiversidade no Pampa, região localizada no Rio Grande do Sul, se estendendo ainda pela Argentina, Uruguai e Paraguai. O objetivo é trabalhar para compatibilizar a produção no meio rural e a conservação da biodiversidade. A especialista também faz parte da Comissão Técnica de Biossegurança da Fiocruz (CTBio), órgão que trabalha no Brasil com a legislação dos transgênicos. Ela acredita que o tema precisa ser melhor discutido e teme que o País esteja acelerando demais o passo.
Luiza critica também as alterações do Código Florestal Brasileiro, anunciadas recentemente. “São mudanças catastróficas. Todas as conquistas dos últimos anos podem se perder. Esse documento é um absoluto retrocesso”, avalia. Entre as decisões tomadas, e que foram contrárias ao que esperavam os ambientalistas, está a redução das exigências de áreas de preservação. Além disso, os produtores rurais que desmataram até julho de 2008 estão isentos de pagamento de multa. Outro item controverso foi sobre a faixa mínima de área de preservação ambiental ao longo dos rios mais estreitos, que diminuiu para 15 metros.
(JC-RS, 23/08/2010)