Daniel Marcon de Carvalho, empresário de Esteio
O que era para ser uma solução virou um grande problema. Assim o empresário Daniel Marcon de Carvalho, 27 anos, descreveu a compra de resíduos industriais plásticos limpos de um fornecedor em Hong Kong.
Fiscais da Receita Federal descobriram que o contêiner enviado à empresa de Carvalho, a Recoplast Recuperação e Comércio de Plástico, de Esteio, na verdade estava cheio de embalagens de produtos de limpeza e de ração animal, o que é proibido pela legislação brasileira. A seguir, trechos da entrevista:
Zero Hora – Sua empresa é apontada como importadora de lixo da Europa. O que aconteceu?
Daniel Marcon de Carvalho – Nós não compramos e não trabalhamos com lixo. Compramos resíduo plástico industrial limpo. O que aconteceu é que o fornecedor mandou resíduo plástico domiciliar sujo.
ZH – A transação comercial foi documentada?
Carvalho – Foram quatro meses de negociação. Eu conheci o fornecedor pessoalmente (a Dashan, uma empresa de Hong Kong). Todos os passos da transação foram devidamente documentados. Nossa compra foi correta, de acordo com a lei brasileira. O que aconteceu é que nos enviaram o produto errado.
ZH – O senhor já falou com o fornecedor ?
Carvalho – Eles disseram que era impossível ter vindo resíduo domiciliar sujo. Agora, estamos enviado provas mostrando o que recebemos. Estamos correndo atrás do prejuízo.
ZH – Há 14 meses, britânicos enviaram lixo para o Estado. Há ligação entre os episódios?
Carvalho – Não.
ZH – Por que importar resíduos?
Carvalho – O resíduo industrial limpo é uma mercadoria escassa e cara no Brasil. O aumento da reciclagem pelas indústrias está provocando uma falta dessa mercadoria. Daí a importação.
ZH – O que fica desse episódio?
Carvalho – Nosso trabalho é provar para as autoridades brasileiras, os nossos clientes e a população que somos uma empresa idônea. Claro que vamos recorrer da multa de R$ 400 mil, aplicada pelo Ibama. Depois, vamos atrás do fornecedor para buscar ressarcimento do prejuízo econômico e da nossa imagem.
(Por Carlos Wagner, Zero Hora, 23/08/2010)