Contêiner, que deveria ter sobras industriais, estava cheio de resíduos
A carga de 22 toneladas de lixo doméstico, descoberta no início do mês no porto de Rio Grande, começou a fazer seu caminho de volta no final da tarde de sábado. Embarcado no navio Rio Negro, o lixo segue rumo ao porto de Hamburgo, na Alemanha.
A transportadora Hanjin Shipping, da Coreia do Sul, responsável pelos resíduos orgânicos provenientes da Alemanha, foi notificada na quinta-feira e tinha até o dia 29 para providenciar a devolução da carga indesejada.
O contêiner carregado de resíduos orgânicos foi descoberto no dia 3, após uma fiscalização da Receita Federal de Rio Grande e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo a investigação, a carga é da República Checa e foi enviada em julho do porto alemão para o Brasil.
O contêiner que deveria ser composto por aparas de polímeros, lixo industrial para reciclagem, continha embalagens de uso doméstico, sujas, com importação proibida.
A empresa Recoplast Recuperação e Comércio de Plástico, de Esteio, que importou a carga, recebeu multa de R$ 400 mil, mas alega que vai recorrer porque encomendou plástico para reciclagem e foi enganada. A companhia sul-coreana foi multada pelo governo brasileiro em R$ 1,5 milhão.
Segundo o Ibama, o envio de apenas um contêiner com resíduos pode ter sido uma estratégia dos fraudadores para verificar se a vigilância portuária brasileira está atenta. De acordo com o inspetor-chefe da Receita Federal em Rio Grande, Marco Antônio Medeiros, a própria Recoplast já havia solicitado o cancelamento da declaração de importação, o que agilizou o retorno do lixo. A investigação, no entanto, prossegue.
– Estamos verificando se não existem outras operações da exportadora de Hong Kong para o Brasil – explica Medeiros.
Em 2009, toneladas de detritos orgânicos já haviam sido descobertos em portos brasileiros. Vindos da Inglaterra, chegaram de navio a Santos (SP), a Rio Grande e ao porto seco de Caxias do Sul.
* Colaborou Maurício Gasparetto
(Por Sancler Ebert, Zero Hora, 23/08/2010)