A baleia jubarte encalhada desde sábado no Litoral Norte, na altura do limite dos balneários de Arroio Teixeira e Capão Novo, foi observada na tarde de ontem por um especialista do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar). Como é incomum o aparecimento dessa espécie na beira da praia no Estado, o biólogo Maurício Tavares diz ser provável que o animal esteja doente ou tenha ficado ferido em um choque contra alguma embarcação.

Tavares, coordenador do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos e pesquisador do Grupo de Estudos de Mamíferos Aquáticos do Rio Grande do Sul (Gemars), explica que o Rio Grande do Sul é a região do litoral mais rica em cetáceos no Brasil. Tem quase 80% das espécies brasileiras, mas não são avistadas porque ficam mais afastadas.

Tentativa de retirada pode machucar animal

Tavares foi levado ao local por uma viatura do 1º Batalhão Ambiental da Brigada Militar. Ele fez uma pré-análise das condições do animal, mas não chegou a medi-lo:

– Amanhã (hoje) voltaremos lá e vou levar uma trena. As jubartes adultas podem chegar a 16 metros de comprimento. Essa é um bicho grande, deve ter cerca de 10 metros.

Segundo o biólogo, a jubarte poderia estar se dirigindo a Abrolhos, na Bahia, onde a espécie costuma se reproduzir, vinda da Antártica, região onde se alimentam.

Tavares afirmou que uma tentativa de rebocar a baleia prejudicaria o estado do animal, que já se mostra muito debilitado.

– Vamos esperar até amanhã (hoje) para ver se, com a alta da maré, ela consegue se desprender sozinha. Se permanecer no local, vamos reavaliar a situação para decidir quais medidas tomar – afirmou.

O biólogo fez um alerta, pedindo que curiosos e pescadores evitem as tentativas de deslocar a baleia, pois essa agitação causaria mais estresse e as cordas poderiam machucar o animal. Moradores da região relataram que o animal se encontra a cerca de 30 metros da areia e que é possível chegar até ele com facilidade.

Segundo Roberto da Silva Afonso, 43 anos, morador de Sapucaia do Sul que foi passar o final de semana em Atlântida, um grupo se reuniu para tentar desencalhar a baleia.

– Tem bastante água onde a baleia está, mas temos medo que ela morra com o tempo – salientou.

Saiba mais
- As baleias jubartes não têm o hábito de se aproximar da costa. Elas preferem ficar em alto-mar
- O litoral do Rio Grande do Sul está no caminho das jubartes entre a Antártica, onde se alimentam, e o arquipélago de Abrolhos, na Bahia, onde se reproduzem
- Quando adulta, a jubarte pode chegar a 16 metros de comprimento

(Zero Hora, 23/08/2010)