Pesquisa mostra que 70% dos pontos de venda de tabaco em SP ficam a até 3 quadras de colégios
Consulta foi encomendada por ONG e aponta que apenas 16% dos locais de venda não estão perto de escolas
Na mesma quadra do Colégio Renascença, em Santa Cecília (centro de SP), dois bares e uma padaria vendem cigarros. Em frente à escola estadual Rodrigues Alves, na avenida Paulista, duas bancas de jornal também.
Na cidade de São Paulo, 70% dos pontos de venda de derivados do tabaco ficam de um a três quarteirões de distância de alguma escola, segundo pesquisa Datafolha encomendada pela Aliança de Controle do Tabagismo- ONG ligada à OMS (Organização Mundial da Saúde).
Quanto mais perto, mais forte é a exposição da indústria tabagista, com maior visibilidade dos cigarros e de materiais promocionais para adolescentes. A propaganda é visível aos jovens em 66% dos lugares visitados.
Segundo Stella Bialous, pesquisadora brasileira da Universidade da Califórnia, consultora da OMS e presidente do Instituto de Políticas do Tabaco dos EUA, a situação é a mesma na Austrália, nos EUA e no Canadá.
"Vários documentos internos da indústria mostram que, quando há regulamentação de marketing de um lado, os fabricantes investem mais nos pontos de venda."
Para a psicóloga Cristina Perez, do Inca (Instituto Nacional de Câncer), a pesquisa fundamenta um novo passo na restrição ao cigarro: proibir a exposição dos maços.
No Canadá, eles são guardados em gavetas, longe dos olhos do público. Na Austrália, uma lei criou caixas genéricas para todas as marcas.
No Cratod, o centro de tratamento de dependência química do Estado, 90% dos fumantes em terapia começaram o vício na adolescência.
Proibida desde o ano 2000, a propaganda de cigarro é vetada nos meios de comunicação de massa no país.
(Por Vinícius Queiroz Galvão, Folha de São Paulo, 20/08/2010)