Peixoto Azevedo não tem brigada de incêndio desde novembro.
Fogo destruiu 200 mil pés de banana e reduziu produção de leite em 70%.
Localizado ao norte de Mato Grosso, próximo ao estado do Pará, o município de Peixoto Azevedo teve destruída, por conta de incêndios recentes, uma área equivalente a quase metade do tamanho da capital paulista, segundo informações da Secretaria de Meio Ambiente do município. O fogo colocou a cidade em estado de alerta, passou por cima de florestas, pastos e plantações.
A cidade sofre com incêndios desde o fim de junho, quando os primeiros grandes focos de queima foram registrados. Apenas em agosto, Peixoto Azevedo registrou 1988 focos, considerando imagens geradas por todos os satélites disponíveis no Banco de Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É a cidade mais atingida por incêndios em Mato Grosso no mês. Entre quarta e quinta-feira (19), outros 97 focos foram registrados.
Peixoto Azevedo tem 14.399 km² de área, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma porção de terra de cerca de 720 km², principalmente em zonas rurais, foi atingida por incêndios desde junho. A área é equivalente a quase metade do tamanho da cidade de São Paulo, cujo território é de cerca de 1.500 km².
"A situação está de grave para gravíssima. A maior parte da área destruída é de florestas e os motivos para os incêndios são criminosos ou acidentais", explica Flávio Lima Borges, secretário de meio ambiente de Peixoto Azevedo. Segundo ele, um agravante para a piora dos incêndios foi a retirada, em novembro passado, da brigada da PrevFogo (sistema por meio do qual o Ibama controla focos de queima no país) do município. A única estrutura da Prefeitura contra incêndios na cidade, que não tem corpo de bombeiros, são dois caminhões-pipa.
Sem condições de controlar a queima, a cidade acionou a Defesa Civil, que ajudou a disponibilizar bombeiros e duas aeronaves para monitoramento. "O fogo continua muito intenso e existem diversas áreas de risco. Também estamos levantando informações para conhecer o tamanho das perdas", diz Borges.
Até agora, o fogo já destruiu pelo menos 200 mil pés de banana e diversas plantações familiares, além de ter acabado com casas de alguns moradores. A produção de leite, importante atividade econômica da cidade, também caiu pelo menos 70%, por conta da queima de pastagens e do excesso de fumaça.
(Por Lucas Frasão, Globo Amazônia, 19/08/2010)