A Justiça de Goiás decidiu criar uma força-tarefa para acelerar a concessão de benefícios às vítimas do césio-137. Após 23 anos do acidente radioativo, a estimativa é de que mais da metade das vítimas ainda não recebeu os recursos a que tem direito.
Em 1987, milhares de moradores de Goiânia foram expostos à radiação após contato com uma cápsula abandonada de um instituto de radiografia. Até o momento, 468 pedidos de indenização já foram solucionados e outros 200 aguardam julgamento na Justiça. O valor da pensão varia de R$ 510 a R$ 822, no caso das 16 pessoas que ficaram incapacitadas para trabalhar após o acidente.
De acordo com o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Paulo Teles, os casos pendentes dependem da resolução de processos administrativos, que envolvem até perícias médicas. Teles diz que faltou ao Judiciário ver o tema como prioridade:
– A demora é inadmissível. Ele não cumpriu seu papel de resolver o caso – diz.
A lentidão, afirma ele, é ligada ao fato de cada processo ser julgado isoladamente. O presidente da associação das vítimas, Oderson Oliveira, 55 anos, diz que também é urgente a Justiça determinar o pagamento de assistência médica a quem teve contato com a radiação.
De acordo com Oliveira, hoje, a maioria das vítimas tem mais de 50 anos e sofre com doenças como câncer, bronquite, hipertensão e osteoporose. A associação diz que mais de 80 morreram desde o incidente, mas o Estado contesta o dado. A entidade quer que o governo pague pensão aos filhos de vítimas.
(Zero Hora, 19/08/2010)