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recifes brasileiros
2010-08-19 | Tatianaf

Pesquisadores estão explorando bancos de algas calcárias no Parque Nacional de Abrolhos para determinar as perdas que esses organismos vêm sofrendo com as mudanças climáticas e qual a verdadeira importância deles como armazenadores de CO2

Dentre os diferentes elementos do ciclo global do carbono, o seu fluxo nos bancos de algas calcárias, chamadas de rodolitos, são um dos menos conhecidos ainda mais em se tratando da sua resposta ao aumento da concentração de dióxido de carbono relacionado às mudanças climáticas. As algas calcárias, juntamente com os corais - que são animais -, são os principais formadores dos recifes de corais.

As pesquisas na área são escassas em nosso país e por este motivo o grupo de cientistas resolveu estudar este mundo ainda a ser desvendado sob a costa brasileira, mais especificamente no Parque Nacional de Abrolhos, que abrange áreas dos estados do Espírito Santo e Bahia.

A estocagem biológica de carbono a longo termo nos oceanos é realizada principalmente pela calcificação, sistema muito afetado pelo aumento do CO2 dissolvido na água do mar principalmente em organismos como os recifes de coral, algas calcárias e bancos de rodolitos.

Este desequilíbrio acontece, pois simplificadamente, quando dissolvido no ambiente marinho o CO2 reage com o ácido carbônico e reduz a disponibilidade de carbonato de cálcio para o sistema (que seria utilizado pelos organismos como as algas calcárias).

Medições levaram à estimativa para o banco de rodolitos da produção anual de carbonato de cálcio de 2,75 kg/m2, mesma ordem que o na Grande Barreira de Corais na Austrália. O carbonato de cálcio é a forma mineral de estocagem do carbono, podendo ser liberado no caso da redução do pH dos oceanos causada pelo aquecimento global.

Previsões

Segundo Gilberto Amado Filho do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, um dos pesquisadores envolvidos nestes estudos, as perspectivas para o século XXI são alarmantes com uma perda bruta dos recifes coralíneos em função da dissolução do carbonato de cálcio e consequentemente redução na capacidade dos oceanos de absorver o dióxido de carbono.

Até 2100 as estimativas de redução da calcificação giram em torno de 40% e até 2300 em 90%, explica.

Características

A distribuição mundial dos bancos de rodolitos vai desde os trópicos até as regiões polares, sendo que a maior extensão destes bancos ocorre na costa brasileira. O seu crescimento é ativo, porém lento, cerca de 10 centímetros a cada 100 anos.

O local estudado se encontra na zona fótica, que possui luz, entre 20-100 metros de profundidade. A região abriga a maior concentração de recifes de corais do Atlântico Sul e uma fauna muito característica e pouco conhecida.

Pesquisas

Outras pesquisas estimando o fluxo do carbono nos bancos de rodolitos do sul do Espírito Santo estão sendo desenvolvidas no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo.

Este estudo considera a variação espacial de parâmetros químicos do sistema carbonato na coluna d"água. Para isolar o efeito do banco de rodolitos, o fluxo foi calculado a partir da diferença entre três regiões dentro e fora do banco, seguindo a direção da corrente que percorre o local.

Os resultados são ainda preliminares, mas indicam que apesar de positivo, indicando emissão de carbono, o valor obtido para o fluxo foi bastante baixo, havendo um balanço praticamente nulo entre produção e absorção de CO2 pela comunidade do banco, semelhante ao que acontece com recifes de coral.

(Por Fernanda B. Mûller, Carbono Brasil, 18/08/2010)


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