Aos menos desatentos não é difícil perceber que passamos por momentos difíceis e delicados, não apenas em termos ambientais como também em termos humanitários.
No entanto, não são poucos que se sentem confortáveis e seguros no papel de ecocéticos, ora negando a crise ambiental, ora ‘duvidando’ do aquecimento global e, muitas vezes, até fazendo de conta que a grave crise alimentar que assolou o planeta entre 2007 e 2008 não aconteceu e não acontece.
É fácil ser cético porque basta negar e nada mais. Quem nega a priori nada precisa provar ou demonstrar. A simples negativa se justifica por si mesma. Simples assim.
Ao contrário, os mais de 2500 pesquisadores do IPCC e mais de 500 trabalhos científicos publicados nos últimos dois anos demonstram à exaustão os fatos comprováveis do aquecimento global e das mudanças climáticas.
O conhecimento científico sobre as mudanças climáticas já é tão forte e avassalador que nem mesmo o governo dos EUA foge das evidencias.
O conhecimento científico relativo ao aquecimento global e as mudanças climáticas vem, ao longo dos últimos 10 anos, tornando-se cada vez mais consistente exatamente em razão deste processo de desenvolvimento do conhecimento.
Existem opiniões céticas em relação ao aquecimento, mas elas são isoladas e com grandes diferenças de conceitos e métodos de pesquisa e documentação científica.
Os estudos do IPCC, com a efetiva participação de mais de 2500 cientistas e mais de 600 instituições (universidades e centros de pesquisa) utilizam modelos matemáticos com quase mil variáveis e fatores de análise.
Além disto, nos últimos 5 anos, foram publicados mais de 500 trabalhos científicos, efetivamente documentados, com resultados, métodos e instrumental revisados por pares.
Os modelos matemáticos estão em permanente evolução, incorporando novos dados e fatores de análise. É uma excelente demonstração do conhecimento em construção.
Assim estamos falando de um enorme e e cientificamente consistente resultado demonstrável e comprovável.
Os céticos do aquecimento possuem pouquíssimos trabalhos publicados e, em geral, sem revisão por pares (peer review, em inglês) . Podem até acreditar duvidar que o aquecimento global e as mudanças climáticas não são devidas aos fatores antropogênicos, mas não conseguem provar que não é.
Além do mais, utilizam fatores isolados ou poucas variáveis, o que permite concentrar os resultados em direção ao foco desejado.
No fundo, a questão essencial é: vale a pena correr o risco?
Aos que acham que tudo isto é bobagem sugerimos que acessem as nossas tags “aquecimento global”, “mudanças climáticas” e “pesquisa” .
As fontes de informação, descritas nas tags citadas, são mais do que suficientes para oferecer uma detalhada visão destas crises, que se agravam a cada dia. Os ecocéticos podem não aceitar quaisquer informações contrárias à sua posição cômoda e sem sustentação científica, mas não podem negar que as informações existem à exaustão.
Respeito o direito de opinião e o direito de questionar o aquecimento, mas, na minha opinião, negar as evidencias cientificas do aquecimento global, a partir de fatores ou eventos isolados e não apresentar estudos e pesquisas com o volume, densidade e abrangência relativamente proporcional ao apresentado pela comunidade científica internacional é uma grosseria e um desrespeito para com a ciência e para com a sociedade.
Negar o aquecimento é fácil, difícil é documentar e comprovar cientificamente as bases da negativa.
Não que faça alguma diferença, porque os ecocéticos já acharam o seu ‘nicho ecológico’, na confortável opção pelo comodismo e pela alienação.
(EcoDebate, 18/08/2010)