As ondas que arrebentam na costa sul da Austrália contêm energia suficiente para fornecer três vezes a energia necessária ao país, afirmaram cientistas na terça-feira em um estudo que ressalta a escala da energia verde australiana.
Publicada no último número da revista Renewable and Sustainable Energy, a pesquisa vem a público enquanto o país se esforça para se desprender de anos de uso de carvão -- que é barato, mas polui muito - e colocar um preço nas emissões de carbono.
Os oceanógrafos Mark Hemer e David Griffin, da agência de pesquisa de financiamento estatal Csiro, estudaram como a energia das ondas se propaga pela plataforma continental e o quanto é perdido. O objetivo foi montar um quadro com a quantidade de energia em bases anuais e a confiabilidade dessa fonte energética.
O governo aprovou leis que exigem que 20 por cento da geração de eletricidade provenha de fonte renovável até 2020 a fim de cortar as emissões de carbono; a energia eólica provavelmente será a base dos investimentos em energia verde. A forma de aproveitamento da energia das ondas ainda está sendo desenvolvida.
"Portanto, o que estamos dizendo é que somos capazes de atingir essa meta se aproveitarmos 10 por cento dos recursos disponíveis da energia das ondas", disse Hemer à Reuters falando de Hobart.
Hemer e Griffin usaram complexos modelos de computador para mapear como a energia das ondas é atenuada perto da costa. Eles estudaram o ciclo anual em termos de condições de onda média e os percentis 10 e 90.
Isso significa que 10 por cento do tempo as ondas são menores do que a média e, para o percentil 90, as ondas são maiores que o valor para 10 por cento daquele tempo.
"Em linhas gerais, significa que há um recurso muito grande para 90 por cento do tempo", disse Hemer. E isso é crucial, porque alguns tipos de energia renovável, como a eólica e a solar, são limitados, pois não são capazes de gerar uma força constante 24 horas por dia, diferentemente do carvão ou do gás.
A energia das ondas tem um potencial muito maior de fornecer energia constante, mas a conexão dela à rede em áreas remotas pode representar um problema.
"Em média ao longo do ano inteiro, a costa sul da Austrália tem uma fonte sustentada de energia de ondas de 146 gigawatts (1.329 terawatt-horas/ano)", disse os pesquisadores no estudo, ou seja, três vezes o total da capacidade instalada de geração da Austrália.
Às vésperas de uma eleição no sábado, o governo está sob pressão para colocar um preço nas emissões de carbono e fomentar ainda mais o investimento em energias mais limpas.
O país é um dos principais emissores de carbono do mundo desenvolvido e depende do carvão para gerar cerca de 80 por cento de sua eletricidade.
(Por David Fogarty, The New York Times, Reuters, 17/08/2010)