Meu avô sempre foi daqueles fumantes ativos. Dizia ele que aos "20 e poucos anos" começou a fumar, meio que por curiosidade e para acompanhar os amigos, mas a brincadeira virou um vício que ele nunca mais largou. Fumava cerca de um maço de cigarros por dia, a não ser nos dias em que bebia. Sorte dele que não bebia tanto assim...
A lembrança me veio à memória, pois, recentemente, entrou em vigor no estado de São Paulo uma lei antifumo que proíbe cigarros em ambientes fechados de uso coletivo (www.leiantifumo.sp.gov.br). Como não poderia deixar de ser, houve (e ainda há) muita polêmica. E, para apimentar a discussão, resolvemos dar aqui um "viés" (desculpem, mas economistas adoram esta palavra!) econômico à abordagem do tema. AA grande pergunta é: Qual a economia obtida ao se largar o cigarro?
Para facilitar as coisas, vamos recorrer a valores atuais. Bom, meu avô fumou Marlboro (cujo ator da propaganda, a propósito, morreu de câncer de pulmão) por cerca de 50 anos. Considerando que o maço custe hoje R$ 3,75, um ao dia, durante um mês, representará o gasto de R$ 112,50. Parece pouco? Se investíssemos este valor mensalmente durante 30 anos, a uma taxa de 0,5%, poderíamos ter uma montante de quase R$ 113.000! E, em 50 anos: R$ 426.000!!! Já imaginou?
Isto sem contar todos os gastos extras associados ao fumo. Entre eles, o custo do cafezinho (quase sempre associado ao prazer de fumar) e do isqueiro. Um BIC Maxi custa por volta dos R$ 4 e acende até três mil vezes, o que dá 150 maços de cigarro ou cinco meses. Não é muito, a não ser que você seja daqueles(as) que perdem o isqueiro rotineiramente ou vivem "emprestando o fogo" para todo mundo.
O pior, mesmo, são os gastos com saúde. Já são mais do que conhecidos os malefícios causados pelo cigarro e, a partir deles, as despesas com remédios, consultas e internações. Ainda por cima, surgem as faltas ao trabalho por causa da saúde mais frágil e a perda de produtividade devido ao famoso "vou fumar um minutinho e já volto".
Em outra oportunidade, vamos quantificar todos estes valores e apresentá-los de maneira sistemática. Por enquanto, o intuito se restringe não só a estimular contenção de custos, mas, sobretudo, investimento em ações que causam tanto dano desnecessário às finanças quanto à qualidade de vida. Se até o momento você continua relutando a largar o vício, e agindo contra seu próprio bem e o bem do planeta, pense pelo menos no que faria com meio milhão de reais na poupança e saúde pra dar e vender...
(Por Décio Kimura, Parana Online, 17/08/2010)