A questão dos resíduos sólidos entra esta semana na pauta dos cidadãos e cidadãs de Rio Grande. Na quinta, dia 19, e na sexta, dia 20, a comunidade rio-grandina vai debater um velho problema: afinal, o quê fazer com o lixo urbano? Nesta quinta, a Câmara dos Vereadores da mais antiga cidade gaúcha discute a problemática. E na quinta e sexta, será a vez da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) abrir seminário específico sobre a destinação dos resíduos sólidos.
Desde algum tempo, o Fórum Permanente da Agenda 21 do Rio Grande faz circular na cidade uma petição endereçada aos vereadores. Nela, buscam impedir a aprovação da chegada do lixo de outras cidades vizinhas para o Município de Rio Grande. Consta que o governo municipal estaria pronto para modificar a lei atual, transformando a cidade de Rio Grande em um pólo regional de recebimento dos resíduos sólidos de 17 municípios da Zona Sul do Estado gaúcho.
Diz o Fórum Permanente da Agenda 21 da cidade que ainda existem questões não solucionadas quanto ao antigo lixão municipal. Desativado após acordo entre o Ministério Público e a Prefeitura de Rio Grande, foi transformado em uma estação de transbordo do lixo, onde os materiais são simplesmente jogados no chão, sem nenhuma cobertura ou proteção, às margens do Saco do Justino, na Lagoa dos Patos, à espera de volume acumulado suficiente para ser carregado ao aterro sanitário.
Um alerta sobre estes fatos consegue unir os ambientalistas locais: com a previsão de considerável aumento da população de Rio Grande – de atuais 200 mil habitantes para cerca de 400 mil pessoas em um período de dez anos - , em função do Pólo Naval e de outros investimentos na cidade, em pouco tempo a capacidade-limite deste aterro sanitário seria rapidamente ultrapassada.
Com a sanção presidencial da Política Nacional de Resíduos Sólidos, no dia 02 de agosto deste ano, a questão da reciclagem do lixo e do manejo de produtos usados, com potencial de contaminação, volta à agenda nacional com toda a força.
No dia 10 de agosto, logo após a Terça Ecológica deste mês, no auditório da Fabico-UFRGS, o coordenador regional da Fundação Nacional de Saúde, Gustavo de Mello, manifestou à EcoAgência sua expectativa favorável à realização do seminário de dois dias desta semana, em Rio Grande.
E destacou que a cidade marítima será a primeira, no Rio Grande do Sul, a discutir a questão dos resíduos sólidos já com base na nova Política Nacional. “A Funasa espera continuar contribuindo para a solução dos problemas ambientais relacionadas à saúde das populações”, disse. Para ele, a saída para o lixo urbano deveria ser regional, desde que os aterros sanitários planejados funcionem dentro de condições rígidas. O saneamento está dentro da estratégia de saúde pública e de proteção ao meio ambiente, com promoção do desenvolvimento, acrescentou. Em Rio Grande, no auditório do Centro de Convívio dos Meninos do Mar (CCMar), certamente haverá este debate, concluiu Mello.
(Por Renato Gianuca, EcoAgência, 16/08/2010)