Instituto alemão afirma que pela primeira vez na década as emissões globais de dióxido de carbono caíram com relação ao ano anterior, devido principalmente à queda da produção das indústrias e aos investimentos em energias renováveis
A desaceleração da economia mundial, que afetou indústrias de todo o planeta por boa parte do ano passado, fez com que 400 milhões de toneladas a menos de gases do efeito estufa fossem liberadas para a atmosfera com relação aos níveis de 2008, uma redução de 1,3%.
Segundo o Instituto Alemão de Energia Renovável (IWR) as emissões globais passaram de 31,5 bilhões para 31,1 bilhões, no que é a primeira queda na comparação ano a ano da década.
“Essa redução poderia ser bem mais acentuada, porém o que se reduziu na Europa, Estados Unidos, Rússia e Japão foi atenuado pelo aumento das emissões na China e no Oriente Médio”, afirmou Norbert Allnoch, diretor do IWR.
No ranking de maiores emissores a China lidera com 7,43 bilhões de toneladas (2008: 6,8 bi), seguida pelos Estados Unidos 5,95 bi (2008: 6,4 bi) e pela Rússia 1,53 bi (2008: 1,7 bi).
O Brasil aparece em décimo quinto lugar com 414,7 milhões de toneladas em 2009, contra os 440 milhões de 2008. Um número surpreendentemente baixo, pois segundo o Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases do Efeito Estufa de 2009, referente ao ano 2005, o país emitia 2,20 bilhões de toneladas.
Renováveis
Além da crise econômica, o IWR responsabiliza o aumento do uso de energias limpas pela redução. Os investimentos globais no setor subiram de 120 bilhões em 2008 para 125 bilhões em 2009.
Os mercados de energia solar e eólica registraram expansão no ano passado, mas ainda estão bem aquém do que seria o ideal segundo o IWR.
“Para frear o consumo de combustíveis fósseis e estabilizar as emissões de CO2 será necessário investimentos constantes em fontes limpas de energia da ordem de € 500 bilhões anualmente em todo o mundo”, comentou Allnoch.
Com o interesse de impulsionar esses investimentos, o IWR desenvolveu o CERINA-Plan, algo como “Plano de Ação para Investimentos em Renováveis e Emissões de CO2”. Essa ferramenta permite um cálculo pelo qual é possível estabelecer a quantia de recursos necessários para que cada país estabilize suas emissões.
Os dados têm como referência um cenário europeu de permissões de emissões de carbono com preço fixado em €16 a tonelada. O valor atual de mercado é €14,5. No caso do Brasil, seriam precisos € 6,6 bilhões em investimentos em energias limpas para estabilizar as nossas emissões.
Apesar da queda nas emissões globais, o nível ainda segue 37% acima de 1990, o ano base para o Protocolo de Quioto.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 16/08/2010)