A Organização da ONU para Agricultura e Alimentação , FAO, estima que 7 milhões de pessoas estejam a ser directamente afectadas pela seca que se regista no Níger. Destas, 3 milhões correm risco efectivo de fome.
A FAO tem em marcha um programa de apoio às populações afectadas por uma das mais longas secas que há memória no país e que passa não só por garantir alimentação para todos os necessitados, sobretudo para as crianças, como garantir a sobrevivência do gado, como disse à Rádio ONU de Lisboa a chefe dos serviços de emergênca da FAO para África e América Latina, Cristina Amaral.
Intervenção
"A partir de Fevereiro, as familias dos pequenos agricultores já não tinham alimentos e tiveram que ir comprar no mercado. Como as colheitas foram muito baixas, os animais também não tinham comida. A intervenção que fizemos imediatamente foi apoiar os agricultores para poderem alimentar os animais, de modo a que eles os pudessem manter", declarou.
Cristina Amaral acrescenta que a situação no país é considerada pela FAO uma emergência grave e por isso, até Abril do próximo ano, vai ser preciso ajuda alimentar para minimizar os efeitos da seca e dar meios aos agricultores para conseguirem recuperar as terras para a próxima época de sementeiras.
"Até que se restabeleça a capacidade produtiva com distribuição de sementes e outros fundos agrícolas. E necessário até ao mês de Abril a distribuição alimentar e programas de apoio à nutrição sobretudo para mulheres e crianças nas zonas onde a população não tem reservas e terá de esperar pela próxima colheita para se poder alimentar", declarou.
Mudanças climáticas
Cristina Amaral atribuiu a seca prolongada a alterações imprevisíveis das condições atmosféricas que acabam por ter grandes consequências nos países mais pobres.
"As mudanças climáticas estão a influenciar os padrões da agricultura e dos modos de produção. Nas zonas mais frágeis onde os sistemas estão mais expostos as variações climáticas, onde há mais pobreza e onde as pessoas sofrem muito mais. Há uma mudança, uma grande variação no padrão que faz com que esses países não produzam para se alimentar a si próprios".
Também o Programa Alimentar Mundial, PAM, encara a situação no Níger com grande atenção.
O PAM lançou uma campanha de distribuição de comida em larga escala no Níger para alimentar 670 mil crianças e as suas famílias.
A iniciativa faz parte de uma operação de emergência que tem como objectivo fazer chegar alimentos a 8 milhões de pessoas que vivem em risco de fome.
Rádio ONU
(Por João Rosário, Rádio ONU, EcoAgência, 15/08/2010)