O Santa recolheu 719 bitucas na Rua XV de Novembro e Avenida Beira-Rio, em três horas. O resultado está ao redor destas páginas

Pequenos detritos que rejeitamos sem maior preocupação, em qualquer lugar e todos os dias, podem se acumular por décadas. Aquela bituca de cigarro inocente que jogamos nas ruas, calçadas, canteiros ou que voa pela janela do carro, por exemplo, pode demorar até 10 anos para se decompor. Você jogaria o filtro do cigarro no chão da sua casa? Provavelmente a resposta é não. A mesma atitude, porém, não se aplica às ruas do Centro. Em apenas três horas, o Santa encontrou 719 bitucas de cigarro na Rua XV de Novembro e Avenida Beira-Rio.

A reportagem percorreu as duas ruas terça e quarta-feira e encontrou inúmeras bitucas no chão em frente aos bares, empresas e pontos de ônibus. Na Rua XV, no lado direito (para quem vai em direção à prefeitura), o Santa recolheu 537 filtros de cigarro. Já na Avenida Beira-Rio, às margens do Rio Itajaí-Açu, foram colhidas 182 pontas de cigarro.

Na maioria dos locais havia uma lixeira bem próxima ou mesmo ao lado do lugar utilizado para descartar o resto do cigarro. Na Rua XV há lixeiras a cada 50 metros e, na Beira Rio, em todos os pontos de ônibus. Algumas lixeiras, porém, estão sem o fundo ou quebradas.

Rodrigo Zanluca, supervisor de Serviços Urbanos, afirma que quatro profissionais trabalham exclusivamente na Rua XV, das 6h às 18h, para recolher os resíduos das sarjetas e calçadas. Na Beira-Rio, a equipe de limpeza passa apenas uma vez ao dia.

O professor de Química Ambiental da Furb, Marcos Rivail, alerta que as bitucas podem contaminar o solo e a água com substâncias cancerígenas:

– Os filtros contém diversas substâncias tóxicas. Eles prejudicam o meio ambiente quando são recolhidos pela limpeza urbana e colocados em lixões, já que em decomposição as substâncias tóxicas contaminam o lençol freático.

O diretor de Serviços Urbanos, Valdeci Dutra, afirma que não há previsão para a instalação de caixas específicas para bitucas de cigarros nas ruas. As lixeiras estragadas no Centro serão substituídas por 108 novos receptáculos para lixo.

– Colocar lixeiras no chão para o cigarro não é a melhor alternativa, já que em uma semana elas somem. Os fumantes deveriam apagar o cigarro com o pé e só depois jogá-lo no lixo comum, evitando que ele pegue fogo – opina Dutra.

(Clic RBS, 15/08/2010)