O eletricista Jaime de Oliveira Bauer, 43 anos, encontrou mais do que conchas e mariscos na caminhada matinal pelas areias de Cidreira, na manhã de quarta-feira. Nas imediações dos guarita 196, no balneário de Costa do Sol, havia nove pinguins mortos.
Não eram os únicos. Bauer soube, no dia seguinte, que cerca de 130 aves apareceram sem vida numa faixa de 30 quilômetros entre Balneário Pinhal e Tramandaí, no Litoral Norte.
A imagem dos simpáticos pinguins insepultos à beira-mar é chocante, mas repete-se todos os anos. De acordo com Maurício Tavares, coordenador do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres e Marinhos do Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar), os pinguins deixam suas colônias, na patagônia argentina, rumo ao norte, em longas jornadas em busca de anchovetas – peixes de até 20 centímetros, encontrados nas águas gaúchas. Na luta pela sobrevivência, os mais fracos, quase sempre pinguins, acabam morrendo.
– Se formos de Tramandaí a Mostardas pela beira da praia encontraremos vários animais marinhos mortos, não apenas pinguins. É algo natural – diz Tavares.
Aves migratórias, os Spheniscus magellanicus, nome científico dos pinguins-de-magalhães, chegam a viver 25 anos, alcançam até 70 centímetros e integram uma comunidade estimada em 1,3 milhão de casais. Após a busca por alimentos, nas águas mais aquecidas do Atlântico, eles retornam ao extremo sul para se reproduzir, recompor as energias e reiniciar o ciclo pela sobrevivência, sempre nos nos primeiros meses do ano.
Fenômenos climáticos como El Niño (aquecimento das águas do Oceano Pacífico) ou La Niña (resfriamento do Pacífico), que alteram o ambiente, podem fazer com que os pinguins tenham mais dificuldades em encontrar alimentos, resultando na morte de aves.
(Zero Hora, 13/08/2010)