"Caso os municípios gaúchos deixem de utilizar os serviços da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o Rio Grande do Sul não terá uma política estadual para a área." O alerta é do diretor-presidente da empresa, Luiz Zaffalon, que nesta quinta-feira participou do Fórum de Infraestrutura das Entidades da Engenharia, realizado na sede da Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul (Sergs).
"Estamos com dificuldades de renovar os contratos porque as prefeituras reclamam da prestação dos nossos serviços", salienta. Um exemplo da cobrança dos prefeitos vem do município de Bento Gonçalves. A prefeitura deseja da estatal melhorias na infraestrutura de esgoto da cidade porque acredita que vai receber uma seleção que participará da Copa do Mundo de 2014 no Brasil.
De acordo com Zaffalon, muitos municípios, mesmo tendo contrato há 30 ou 40 anos, estão descontentes com os serviços. "A Corsan está presente em 323 municípios, mas não tem atendido às demandas das comunidades. Não temos capacidade de investimento para resolver os problemas de saneamento, principalmente de esgoto", explica. Um estudo da empresa mostra que seriam necessários R$ 10 bilhões para resolver os problemas de esgotos nas cidades atendidas pela estatal.
O diretor de Expansão da Corsan, Sérgio Luiz Klein, diz que a companhia sofre limitações na sua capacidade de investimento. "Na visão dos prefeitos, a estatal deveria realizar mais obras. Como isso não ocorre, a frustração é geral", salienta. Klein é a favor de uma política estadual de saneamento que priorize outras ações, como a participação da iniciativa privada, através do modelo de Parcerias Público-Privadas (PPPs).
Para o presidente da Sergs e coordenador do Fórum, Cylon Rosa Neto, caso a gestão fique sob a responsabilidade dos municípios, como prevê a Lei do Saneamento, o Estado não conseguirá implantar uma política estadual para a área. "É fundamental termos uma entidade forte como a Corsan para conduzir esse processo em parceria com os municípios", acrescenta. A lei, aprovada em 2007, diz que o município é o poder concedente, ou seja, é responsável pelo serviço de água e esgoto da sua cidade. De acordo com Neto, diversas prefeituras querem deixar o sistema Corsan e criar o seu próprio serviço municipal de abastecimento e coleta e tratamento de esgotos.
(JC-RS, 13/08/2010)