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indústria do cigarro
2010-08-13 | Tatianaf

Um estudo feito por Reuven Dar, da Universidade de Tel Aviv, Israel, e publicado no periódico Abnormal Psychology afirma que a necessidade intensa de fumar cigarros tem mais a ver com os elementos psicossociais envolvidos no hábito tabagista do que com os efeitos fisiológicos da nicotina como droga viciante.

1127286 sxc Estudo polêmico aponta que tabagismo é hábito e não vício“Nossos resultados podem não ser muito bem aceitos pelos pesquisadores que afirmam que a nicotina é viciante, porque o que descobrimos pode invalidar certas descobertas feitas até então e que indicam que as respostas fisiológicas são menos importantes que certos mecanismos mentais no que diz respeito ao tabagismo”, diz Dar.

Para o pesquisador, os resultados de sua pesquisa podem ajudar outros profissionais a desenvolver estratégias para combater o tabagismo sem recorrer a mecanismos de apoio como os tabletes de nicotina em forma de goma de mascar ou adesivos.

As conclusões de Dar e sua equipe se baseiam em dois outros estudos. Um deles analisou os hábitos de empregados de companhias aéreas (como comissárias de bordo). Esses indivíduos foram acompanhados durante trabalhos que variavam de 10 a 13 horas (a duração de voos de longa distância) – como, por exemplo, aqueles que iam de Tel Aviv a Nova York, nos EUA – e outros com trajetos menores (entre 3 e 4 horas). A partir de entrevistas, os funcionários dessas companhias indicavam o nível da necessidade quase incontrolável (ou “fissura”) de fumar durante esses voos.

As observações feitas por Dar foram que, independentemente da duração dos voos, os níveis de necessidade eram bastante similares. Essas fissuras normalmente aumentavam quando os voos estavam próximos da aterrissagem, o que indicaria que, de alguma forma, esses funcionários antecipavam o final da escala e começassem a pensar no cigarro. O pesquisador concluiu então que essa necessidade extrema por cigarros era produzida por mecanismos psicossociais mais do que efeitos fisiológicos da baixa da nicotina no sangue.

Sem cigarro no Shabat
Outro estudo, feito em 2005 pela mesma equipe de pesquisadores, examinou os hábitos tabagistas de indivíduos judeus praticantes, proibidos de fumar durante o Shabat – dia de descanso semanal, com conotações religiosas para os praticantes do judaísmo. Esses indivíduos foram entrevistados em dias diferentes: em dias normais durante a semana, durante o Shabat e em um dia no qual foi pedido para que eles se abstivessem do hábito de fumar. Eles então indicaram seu nível de fissura nesses dias.

A equipe de Dar observou que nas manhãs do Shabat, quando os fumantes sabiam – e aceitavam – que teriam de passar mais de dez horas sem fumar, os níveis de necessidade de nicotina eram menores. Mas essa necessidade aumentava quando esse período chegava ao fim (novamente, uma antecipação do final de um período de abstenção do cigarro). Nos dias normais durante a semana (quando se sabia que não era necessário parar de fumar) a ocorrência de fissuras era menor, mostrando que, de acordo com o pesquisador, o gatilho para a necessidade de fumar não eram os níveis de nicotina em si, mas as respostas emocionais ao final de um período de privação.

A conclusão do estudo de Dar é que o vício em nicotina não é similar aos vícios relacionados com o fisiológico das pessoas. Mesmo que a nicotina tenha uma resposta fisiológica, modificando os níveis de atenção e memória, a substância não cria respostas como as encontradas no vício em heroína, por exemplo, cujos sintomas de abstinência geram violentas respostas do organismo.

Para o pesquisador, indivíduos fumam por conta dos benefícios em curto prazo, como prazer oral ligado ao sensorial e respostas sociais positivas (como o de pertencimento a um grupo). A partir do momento em que o hábito se estabelece, as pessoas continuam fumando em resposta a essas percepções e em situações que se associaram ao hábito anteriormente. Entendendo o tabagismo como um hábito e não um vício, isso facilitaria os tratamentos para o problema. Para Dar, as estratégias para interromper o tabagismo deveriam enfatizar mais os aspectos psicológicos e comportamentais e menos as questões biológicas envolvidas.

(UOL, com informações da Tel Aviv University, 12/08/2010)


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