Em Rio Branco, internações por problemas respiratórios cresceram 10%.
Amazônia tem mais incêndios, como em Marcelândia (MT) e Palmas (TO).
Incêndio em área de assentamento para o Projeto de Desenvolvimento Sustentável Nova Bonal, localizado no leste do Acre, próximo a capital Rio Branco, destruiu uma porção de floresta amazônica primária equivalente ao tamanho de cinco Parques Ibirapuera, em São Paulo, ou semelhante à metade da área da Ilha de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente do Acre, Eufran Amaral, o governo decretou estado de alerta ambiental no início da semana por conta dos incêndios. "Estamos com dois incêndios florestais preocupantes no estado, em áreas que já haviam sido queimadas em 2005, quando houve uma grande seca", diz ele. O Acre tem 88% de floresta primária e 12% de áreas desmatadas, segundo Amaral. "Demoram anos para recuperar uma floresta impactada."
O incêndio em Nova Bonal avançou em uma linha de 7 km e destruiu entre 800 e 1000 hectares de floresta, de acordo com Amaral. A área é equivalente a cinco Parques Ibirapuera, em São Paulo, mas o fogo já foi controlado com a ajuda de 30 bombeiros e 10 produtores rurais, segundo o secretário.
Outro incêndio começou a entrar na floresta nesta quarta-feira (11), de acordo com Amaral. "É um incêndio menor, mas mais espalhado. Ele começou por conta de produtores rurais que usaram o fogo para a limpeza de pastagens", diz.
A área destruída no Acre por causa dos incêndios já é a maior desde 2005, segundo Amaral, quando o estado teve cerca de 400 mil hectares de florestas prejudicadas pela ação do fogo. Desta vez, também há preocupação sobre a qualidade do ar, inclusive na capital. "Temos muita fumaça e nossos vizinhos também. Estamos em um arco de fumaça preocupante. Entre junho e julho, as internações por conta de problemas respiratórios aumentaram 10% em Rio Branco", conta o secretário.
Por conta da previsão de falta de chuvas e da baixa umidade do ar, outros incêndios também preocupam cidades em diversos pontos da Amazônia. De acordo com estimativas do Banco de Dados de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Amazônia Legal registrou quase 35 mil focos de queima desde o início de agosto, considerando a medição com todos os satélites.
O estado mais afetado neste mês foi o Pará, com 19548 focos, seguido de Mato Grosso (8385), Rondônia (3295) e Amapá (2434). Há um mês, o Globo Amazônia publicou reportagem dizendo que as queimadas aumentaram 50% na Amazônia no período de um ano.
Os incêndios devem continuar aumentando no bioma pelo menos até outubro, quando termina o período mais seco do ano na região. No norte de Mato Grosso, um incêndio na cidade de Marcelândia destruiu cerca de cem casas e madeireiras. Em Tocantins, outro incêndio queima há seis dias a floresta na Serra do Lajeado, próxima a Palmas, a capital.
(Por Lucas Frasão, Globo Amazônia, 12/08/2010)