A falta de políticas públicas para o campo resulta em uma maior vulnerabilidade das trabalhadoras rurais em relação à violência contra a mulher. A avaliação é da secretária de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Carmem Foro.
“Vivemos em um país que, há bem pouco tempo, começou a dar um pouco de atenção ao meio rural brasileiro. O histórico de abandono tem reflexo na vida das pessoas”, disse, ao participar do 2º Seminário no Campo e na Floresta, Políticas Públicas para as Mulheres.
De acordo com a secretária, faltam ações no âmbito do atendimento à mulher agredida e na prevenção à violência, assim como medidas voltadas ao fortalecimento da autonomia econômica das trabalhadoras rurais, para que elas possam sair de situações de violência.
“Todas essas questões podem nos ajudar a desconstruir um processo histórico de uma visão da sociedade sobre o lugar das mulheres. Precisamos de um conjunto de políticas que se articulem”, afirmou, ao destacar áreas como saúde e educação.
Carmem reclamou da pouca quantidade de pesquisas e estudos sobre a violência contra mulheres no campo. A ausência de um diagnóstico preciso no país foi confirmada pela secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Aparecida Gonçalves.
Para ela, o maior desafio é chegar às áreas rurais, uma vez que as longas distâncias dificultam o atendimento às vítimas e o acesso à informação para a prevenção. “A mulher da cidade, quando sofre violência, pode ter pouco dinheiro, mas tem como chegar a uma delegacia, a um centro de referência ou a um posto de saúde. A mulher do campo e da floresta não, ela vai ter que esperar o ônibus pra vir à cidade.”
De acordo com Aparecida, em geral, os serviços encontrados no meio rural são escolas e alguns agentes de saúde. Uma portaria que será assinada ao final do encontro de hoje, segundo ela, vai estabelecer diretrizes para a política de enfrentamento à violência contra a mulher – por meio de ações sobretudo nas áreas de saúde, educação e assistência social.
(Por Paula Laboissière, Agência Brasil, EcoDebate, 12/08/2010)