Com o aumento dos preços da energia e da percepção da necessidade de inserção das tecnologias limpas como base para uma economia de baixo carbono, os investimentos direcionados para o setor têm crescido continuamente
Uma nova pesquisa da consultoria internacional Norton Rose confirma esta tendência, discutindo como o interesse da comunidade de capital de risco e private equity no setor de tecnologias limpas tem aumentado dramaticamente.
Estados Unidos foi identificado pela pesquisa como o maior beneficiário dos investimentos de private equity em tecnologias limpas, sendo a resposta de cerca de 43% dos investidores questionados. A América Latina obteve apenas 1,4% das respostas entre os investidores e 2,4% entre as empresas de tecnologias limpas. A Europa é vista como a maior fonte de incentivos financeiros para o setor.
Os principais fatores que levam os investidores em tecnologias limpas a decidir por uma determinada região são apoio governamental e estímulo financeiro relacionado (44,8%), competência renomada do setor ou inovação (20,8%) e créditos tributários e outros incentivos financeiros (11,8%).
Para investir em uma determinada tecnologia, 60% dos investidores apontaram indicadores ligados ao sucesso financeiro como principal motivador.
A pesquisa demonstrou que a curto prazo, a eficiência energética deve ser a fatia das tecnologias limpas que mais atrai interesses e a energia eólica deve continuar a ser o principal setor de geração de energia, apesar das tecnologias solares terem atraído a maior quantidade de investimentos.
A maioria dos investidores questionados (46,2%) indicou preferência por tecnologias na fase de expansão, seguido por 26,5% que selecionaram tecnologias estabelecidas, 19,3% que optaram por estágio inicial de desenvolvimento e apenas 6,1% se sentem mais atraídos por tecnologias de risco/start-ups (Figura).
Tendências já delineadas anteriormente até mesmo pela Agência Internacional de Energia são reafirmadas pela pesquisa, que sozinhas as tecnologias limpas não têm condições de atender a fome mundial por energia, sendo necessário uma combinação de diferentes fontes, inclusive fósseis, para satisfazer esta demanda.
O relatório demonstra que os bancos ainda estão cautelosos em oferecer empréstimos para o setor e apesar de haverem propostas para apoiar a economia limpa, os fundos continuam bastante controlados.
Apoio político e regulatório dos governos e incentivos financeiros para a inovação são vistos pelos pesquisados como fatores cruciais na continuidade e aumento da escala de crescimento do setor de tecnologias limpas.
Durante o primeiro semestre de 2010, US$ 4,04 bilhões em capital de risco foram investidos em empresas de tecnologias verdes, demonstrou o Cleantech Group e a consultoria Deloitte em uma análise preliminar.
Gigantes asiáticos
Os países asiáticos têm se destacado no cenário mundial de tecnologias limpas, com especialistas acreditando que muito em breve, a China se tornará a líder mundial no setor.
Em um relatório sobre o ano 2009, o Cleantech Group revelou que a China recebeu quase três quartos de todos os recursos de IPO (Initial Public Offering ou Oferta Pública Inicial) para tecnologias limpas ao redor do mundo, bem a frente dos Estados Unidos, com apenas 26%.
Entre os dez maiores fabricantes de equipamentos para energia solar, sete estão na Ásia, sendo que a segunda colocada é a chinesa Suntech Power, que em 2009 ultrapassou até mesmo a japonesa Sharp, segundo a Photon International.
A quantidade de investimentos chineses alocados para as tecnologias limpas, incluindo resíduos, água e outros tipos de infra-estrutura, é de US$ 221 bilhões, quatro vezes maior do que os norte-americanos, de acordo com o RenewableEnergy Access.
Um outro relatório recente, ‘Rising tigers, sleeping giant’ do Breakthrough Institute, alega que juntos, China, Coréia do Sul e Japão já ultrapassaram os Estados Unidos na produção de tecnologias limpas para o setor energético.
Neste meio tempo, os Estados Unidos também está acelerando a canalização de dinheiro para o setor, com a intenção de empregar até US$ 50 bilhões em milhares de empresas de tecnologias limpas através de créditos tributários, empréstimos com juros baixos e subsídios.
“Apesar de vários países terem políticas de apoio às tecnologias limpas, há demanda por muito mais certezas políticas e por um quadro legislativo global compulsório para auxiliar o setor a se desenvolver e crescer, e para dar mais confiança aos investidores”, enfatizou o sócio da Norton Rose Ian Moore.
“O peso das preocupações sobre oferta de energia e mudanças climáticas, misturadas com inovações tecnológicas mais rápidas e a crescente demanda global dos consumidores por soluções mais limpas, significam que os desenvolvimentos de tecnologias limpas estão aqui para ficar”.
(Por Fernanda B. Müller, CarbonoBrasil, 11/08/2010)