A Portucel está a estudar a hipótese de construir uma segunda fábrica em Moçambique, na província de Manica.
Após o investimento já anunciado para a província da Zambézia (da ordem dos 2 mil milhões de dólares, ou €1,5 mil milhões), que inclui a concessão de 173 mil hectares feita pelo Governo moçambicano à empresa, está em curso uma segunda concessão, mas ainda de maior dimensão.
"Estamos a trabalhar com o Governo de Moçambique para complementar o investimento na Zambézia com mais 220 mil hectares na província de Manica", revela António Redondo, administrador da Portucel.
Maior proprietário florestal
Em Portugal, o grupo - que é o maior proprietário florestal do país - tem a seu cargo 120 mil hectares. Em 2009, foi responsável por 1% do produto interno bruto (PIB) nacional e 3% do PIB industrial.
António Redondo garante que a Portucel já está a desenvolver um conjunto de estudos de viabilidade industrial e logística, de forma a aferir as condições que permitam concretizar os projetos industriais em Moçambique.
Em cada uma das províncias será construída uma fábrica, junto das respetivas concessões. "Estamos a falar de investimentos que, cada um deles, poderão ser da ordem dos 2 mil milhões de dólares. Sempre para mais do que para menos. E isto a preços de hoje", acrescenta o administrador.
Explica que já estão a fazer ensaios florestais para apurar que tipo de eucalipto será mais viável. "Está decidido que queremos lá plantar eucalipto, temos é de estudar a variedade que melhor se adapta às condições climáticas daquele país. É que o que se dá em Portugal não se dá em todas as zonas do mundo".
Nos primeiros seis meses deste ano, a Portucel foi a empresa do sector do papel que mais exportou para fora da Europa. Foi responsável por 43% das exportações europeias de papel.
Presente em mais 14 países
Face aos primeiros seis meses de 2009, a empresa exportou mais 36% para fora do Velho Continente, e passou a estar presente em mais 14 países, nomeadamente nos chamados emergentes. No total, já exporta para mais de 100 países.
A nível europeu, onde o mercado cresceu 9,5% no primeiro semestre de 2010, as vendas da empresa portuguesa aumentaram 20%. Um crescimento a que não é alheio o facto de já estar em funcionamento a nova fábrica de papel de Setúbal que a Portucel inaugurou em agosto de 2009.
"A máquina de Setúbal só atingirá a sua potência máxima em 2012. Ou seja, ainda está a crescer e em ritmo bastante acelerado", acrescenta o administrador da Portucel.
"Temos um plano muito ambicioso relativamente a esta nova unidade e a verdade é que em alguns meses deste ano ficamos mesmo além dos nossos objetivos", remata.
Igualmente importante nos resultados do primeiro semestre de 2010, que cresceram 92%, foi a venda de energia verde à rede, feita a partir de biomassa, com a ativação de mais uma turbina.
(Expresso.PT, 11/08/2010)