A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, afirmou nesta terça-feira que, se eleita, os licenciamentos ambientais, necessários para o início de obras importantes na área de infraestrutura, entrarão em regime de urgência, mas sem negligenciar os cuidados com o meio ambiente.
Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, a ex-ministra do Meio Ambiente negou que, durante sua permanência à frente do ministério, tenha havido demora para conceder licenças ambientais para obras do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ela, na época que assumiu o cargo, o Ministério estava desestruturado, exigindo uma série de medidas para criar concursos que permitissem contratar pessoas para cargos de decisões. Ela foi ministra de Lula entre janeiro de 2003 e agosto de 2009.
"Quando a casa ficou arrumada, o número (de licenças) aumentou significativamente, de 145, do governo anterior, para 265 licenças por ano", afirmou Marina. Ela reconheceu, no entanto, que ainda é possível aperfeiçoar o sistema de licenciamento.
"Vamos fazer tudo que precisamos para o país se desenvolver, sem descuidar das coisas do meio ambiente", afirmou a candidata.
CORRUPÇÃO E ALIANçAS
Marina explicou que sua saída do PT, partido do qual foi filiada por 24 anos, esteve mais relacionada à resistência da legenda a questões ambientais do que ao episódio do mensalão.
Ela negou que o seu suposto silêncio no caso poderia ser interpretado como conivência com os acusados de corrupção.
"Não foi conivência e também não foi silêncio. Lamentavelmente, todas as vezes que eu me pronunciava, eu não tinha ninguém para me dar audiência e potencializar a minha voz", afirmou. Ela deixou o partido em 2009 para disputar a Presidência pelo PV.
Olhando diretamente para a câmera, disse que a "corrupção é o pior câncer da sociedade" e que o seu combate é uma "luta constante".
"Ninguém pode se vangloriar de ser honesto. Para mim, ser honesto é uma condição do indivíduo. Qualquer pessoa, onde quer que esteja, tem que ser honesta", acrescentou.
Candidata que não tem apoio de nenhuma outra legenda, Marina afirmou ser o único nome capaz de ser o "ponto de união" entre partidos opositores.
Argumentou que seus principais rivais ao Planalto, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), são reféns dos compromissos que firmaram nas eleições.
"(Dilma e Serra) já estão tão comprometidos com as alianças que fizeram que eles só podem repetir mais do mesmo", declarou.
ENERGIA
Mais tarde, em entrevista ao Jornal das Dez, da Globonews, Marina defendeu a ampliação dos investimentos em energias limpas e renováveis, como solar e eólica, para evitar, de acordo com ela, os apagões que o país tem enfrentado a cada ano.
"Hoje dependemos de Belo Monte. E amanhã, vamos depender de quem?", indagou a candidata, ao referir-se à usina hidrelétrica que será construída no Rio Xingú, no Pará, cuja potência instalada será de mais de 11 mil megawatts.
"Se for eleita, o Brasil vai sair desse apagão que ameaça todo ano", disse ela na entrevista que durou 15 minutos.
Marina reafirmou ainda que, se chegar à Presidência, manterá o tripé da economia (câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário). Sobre o Banco Central, repetiu que não há necessidade de institucionalizá-lo. "Permanecerá autônomo como está", reafirmou.
Provocada sobre o tamanho do PV e sobre a necessidade de alianças para poder governar, a candidata disse que fazer alianças não é fácil, mas que também não é impossível. Marina disse que, tanto no PT como no PSDB, assim como no PMDB, há "pessoas corretas", e citou como exemplo o senador Pedro Simon (PMDB-RS).
(Por Vladimir Goitia e Hugo Bachega, Reuters/Brasil Online, O Globo, 10/08/2010)