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tubarões pesca ilegal
2010-08-11 | Tatianaf

Seis barcos pesqueiros iemenitas, capturados no mês passado em águas territoriais do Egito, causaram preocupação por sua carga incomum: vários quilômetros de linha de pesca e mais de 20 toneladas de carne de tubarão. “A captura desses barcos forneceu mais evidências sobre a pesca comercial de tubarões no Mar Vermelho”, disse Amr Ali, diretor-executivo da Associação de Conservação e Proteção Ambiental de Hurghada (Hepca), uma organização não governamental egípcia.

“É alarmante ver os barcos chegando do Iêmen para pescar em nossas águas. Estes navios não têm apetrechos normais para a pesca. Simplesmente vão atrás dos tubarões”, afirmou Amr. A pesca de esqualos é um grande negócio. Mais de 73 milhões são capturados por ano para alimentar um mercado que os deixa em risco de extinção. Os pescadores dão pouco valor à carne do tubarão, já que tem muito ácido úrico e quase não é vendida no mercado. Mas as barbatanas, usadas em sopas, constituem um manjar na Ásia, onde é vendido, por exemplo, a mais de US$ 100 o prato em Hong Kong.

Embora este prato seja consumido há séculos, o sucesso econômico da Ásia oriental nas últimas décadas levou a um aumento da demanda. O número de consumidores cresceu de poucos milhões nos anos 80 para mais de 300 milhões hoje em dia. “Nos últimos 25 a 30 anos, nos quais aumentou a riqueza da China, a demanda por sopa de barbatana cresceu e, como não há limites para o número de esqualos que podem ser capturados, foi criada uma dinâmica em que 30% das espécies de tubarão do mundo estão ameaçadas”, disse Matt Rand, diretor da campanha Conservação Mundial do Tubarão, do Grupo Ambiental Pew.

Segundo Matt, os tubarões são predadores que têm importante papel na regulação das populações marinhas. Estudos demonstram, por exemplo, uma correlação entre a queda do número de tubarões e a crescente frequência dos cardumes de medusas. Muitos pescadores comerciais pescam tubarões acidentalmente quando buscam outras espécies, porém, outros deliberadamente usam vários quilômetros de linha com milhares de anzois com sebo para caçá-los. Para economizar espaço em seus barcos, cortam as barbatanas e devolvem os animais vivos ao mar para que morram ali. As extremidades em seguida são secas ou congeladas e enviadas aos mercados da Ásia oriental.

Grupos de conservação marinha consideram que esta prática, chamada “finning” (fin, em inglês, significa barbatana), é cruel e um desperdício. “Sem suas barbatanas, o tubarão se asfixia (precisa nadar para respirar através das ranhuras dos brônquios) ou sangra até morrer”, explicou Elizabeth Wilson, cientista marinha e encarregada de uma campanha sobre pesca da organização Oceana, com sede em Washington. “É algo semelhante ao que ocorre no comércio do marfim, com animais caçados apenas por uma parte de seu corpo, que é vendida a preço muito alto no mercado internacional, e assim são dizimadas populações selvagens”, acrescentou.

O lento ciclo reprodutivo dos esqualos os torna especialmente vulneráveis diante da pesca excessiva. “Os tubarões não têm potencial biológico para a extração comercial”, afirmou Matt à IPS. “Não são como outros peixes que deixam milhares de ovos e se reproduzem muito rapidamente. Estes o fazem de forma muito lenta e têm apenas umas poucas crias”, acrescentou. A captura excessiva dizimou populações de tubarões no Mar Mediterrâneo, onde as 47 espécies conhecidas estão ameaçadas.

Um estudo publicado no Journal of Conservation Biology em 2008 mostrava que a população de cinco grandes esqualos nesse mar caiu mais de 97% nos últimos dois séculos. Algumas espécies, como o tubarão-martelo, foram praticamente exterminadas na região. Quando a quantidade de animais diminui em uma área marítima, os pescadores comerciais se dirigem a outras. Nos últimos anos, as operações de finning se concentraram no Mar Vermelho, lar de algumas das últimas populações saudáveis de tubarões do planeta.

“Nossos pescadores nunca se interessaram por tubarões. Ninguém gosta da carne, porque é grossa e vendida muito barata”, explicou Amr. “Há cerca de uma década, começaram a chegar muitos chineses. Eles ensinaram aos nossos pescadores que podiam ganhar bom dinheiro vendendo as barbatanas, e que não precisavam ficar com todo o animal. Só precisavam cortar as barbatanas e jogar o resto no mar”, acrescentou. Em 2005, o Egito proibiu esta prática e muitos a abandonaram. Porém, nos últimos meses aumentou a presença de pescadores ilegais no Mar Vermelho.

“Nossas leis de proteção de tubarões dá a estes animais a chance de se reproduzirem de forma segura”, disse Amr. O Egito proíbe a pesca de esqualos a menos de 20 quilômetros da linha costeira, mas não há limites legais para a captura no resto do Mar Vermelho. Capitães de navios relatam que a prática do finning está “fora de controle” nas águas do Sudão e da Eritréia.

A Comissão do Atum do Oceano Índico, organização intergovernamental que administra o Mar Vermelho, estabeleceu como norma que as barbatanas de tubarão não podem constituir mais do que 5% do peso de carne de tubarão a bordo de um barco. Esta medida, embora difícil de colocar em prática, tenta frear a despovoação dos esqualos e pôr fim à prática do finning. “Ter que manter todo o corpo do animal de certa forma desestimula a captura de tubarões”, explicou Matt, embora reconhecendo que isto não deterá sua pesca.

A única verdadeira esperança, segundo os conservacionistas, é reduzir a demanda de sopa de barbatana. Os casacos de pele já foram moda, mas agora são vistos como demonstração vulgar e de mau gosto. Poderia ser incentivada uma mudança semelhante na opinião pública sobre a sopa de barbatana de tubarão, defendem os ativistas. “Tentamos educar os consumidores sobre a origem da sopa de barbatana e informar que as populações de tubarões estão em situação difícil. Parece haver repercussão destas mensagens, especialmente entre as gerações mais jovens, mas, definitivamente, exigirá muito esforço”, alertou Elizabeth.

(Por Cam McGrath, Envolverde, IPS, 11/8/2010)


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