Regiões com florestas nativas de araucária, mata atlântica e cerrado nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Bahia foram "adotadas" para permanecer de pé.
As empresas pagam aos donos dos imóveis uma quantia mensal para que preservem as áreas, localizadas em pontos de intensa atividade agrícola e madeireira.
A iniciativa é de responsabilidade da ONG SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), criadora do projeto "Desmatamento Evitado". Em dois anos e meio, já foram preservadas remanescentes de floresta com araucária, na região Sul, e uma área no oeste da Bahia.
A ONG já intermediou a adoção de 20 propriedades, que somam 2.000 hectares (um hectare tem 10 mil m2). "A ideia é que esse protótipo seja um precursor para aumentar a escala de áreas protegidas", diz Clóvis Borges, diretor da SPVS.
Ele diz que investir na preservação da natureza é estratégico por agregar valor à imagem das empresas.
O banco HSBC e o Grupo Positivo estão entre os que apoiam a iniciativa. As empresas doam, em média, R$ 2.500 para cada proprietário manter a área livre de agressões e extração de madeira.
Henrique Gelinski, 47, é um dos que aderiram à iniciativa, há um ano e cinco meses. Em sua propriedade, 52 hectares foram preservados na área rural de São João do Triunfo (120 km de Curitiba), no centro-sul do Paraná.
Ali é possível encontrar araucárias e cedros com mais de 70 anos de idade. O produtor diz que, só na área que está no programa, conseguiu manter 12 nascentes de água. "A área preservada é importante porque impede que a erosão destrua as nascentes de água", afirma Gelinski.
"Todas as iniciativas que partem da sociedade são benéficas. No caso específico [do Desmatamento Evitado], ela estabelece um estímulo para quem preservou, como a garantia de proteção de suas nascentes de água e potencial para projetos de turismo rural", afirma Wigold Schaffer, coordenador do Núcleo de Mata Atlântica e Pampa, do Ministério do Meio Ambiente.
(Por Dimitri do Valle, Folha Online, 10/08/2010)