O Brasil bateu, no sábado, seu recorde diário de geração de energia por meio de usinas termelétricas. Foram gerados 6.118 MW (megawatts) médios. A marca foi batida em um momento no qual o consumo de energia aumenta e o nível dos reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste para esta época do ano é o mais baixo desde 2002. O recorde anterior era de fevereiro de 2008.
O uso de termelétricas está mais acentuado do que no ano passado devido à retomada do crescimento econômico, conjugado com chuvas abaixo da média e um período seco pior do que o de 2009. Com menos água e mais demanda, é preciso gerar mais energia termelétrica para manter água suficiente nos lagos das hidrelétricas e evitar desabastecimento.
O fato de as usinas termelétricas estarem produzindo mais energia do que nos últimos anos não significa, necessariamente, risco de desabastecimento no médio prazo. Essas usinas existem justamente para serem acionadas quando é necessário poupar as hidrelétricas.
O principal efeito prático para o consumidor é a pressão para cima no reajuste anual de cada distribuidora. Quanto mais termelétricas são usadas, maior o reajuste.
No mês passado, a média diária de geração termelétrica foi de 4.005 MW, 134% maior do que em julho de 2009.
Em parte, essa alta reflete o aumento do consumo de energia de um ano para outro. Mas o fato é que o uso da energia termelétrica cresceu, proporcionalmente, muito mais que a demanda por energia, que aumentou 8,8% no mesmo período.
REGRAS
No sistema elétrico brasileiro, a regra geral para acionar as termelétricas é o preço relativo da energia produzida por essas usinas em relação às hidrelétricas.
Quanto menos água nos reservatórios, mais cara a energia hidrelétrica e mais termelétricas são acionadas.
O governo, no entanto, concluiu que não é seguro aguardar pelo "sinal econômico" para ligar as termelétricas e, dessa forma, pode determinar o acionamento mesmo que haja energia mais barata disponível.
No sábado, quando o recorde de geração foi batido, das 28 usinas acionadas, 11 foram ligadas por decisão do governo. Quando isso acontece, o consumidor paga a conta por meio do Encargo de Serviço do Sistema, embutido na tarifa de energia.
(Por Humberto Medina, Folha Online, 10/08/2010)