(29214)
(13458)
(12648)
(10503)
(9080)
(5981)
(5047)
(4348)
(4172)
(3326)
(3249)
(2790)
(2388)
(2365)
política de gestão do Pantanal pantanal impactos de hidrelétricas
2010-08-10 | Tatianaf

O governo planeja a instalação de mais de cem empreendimentos hidrelétricos na Bacia do Alto Paraguai, o que levará a graves impactos socioambientais no Pantanal e prejuízos às populações tradicionais.  Os órgãos responsáveis pelo licenciamento estão desconsiderando as consequências da exploração desmesurada desse potencial energético. Dada a amplitude territorial, o alcance social e a complexidade natural do ecossistema do Pantanal e sua suscetibilidade, esse descaso configura mais uma insanidade no bojo do planejamento energético brasileiro. Leia mais sobre a ameaça ao Pantanal...

Em 20 de julho de 2010, realizou-se na Procuradoria da República em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, uma audiência pública com representantes de diversos órgãos para debater as influências de barragens, usinas e centrais hidrelétricas no funcionamento hidro-ecológico do Pantanal. Estiveram presentes representantes do IBAMA/MS, Secretarias estaduais de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Federação de Pescadores de Mato Grosso do Sul, entre outros.
O Pantanal é patrimônio nacional e foi considerado Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2000. Além disso, o Brasil promulgou a Convenção de Ramsar, através do Decreto nº 1.905/96 que passou a vigorar em 24/08/1993, nos termos de seu artigo 11.
A Convenção de Ramsar trata de Zonas Úmidas e foi assinada na cidade de Ramsar, no Irã, em 2 de fevereiro de 1971. Atualmente são conhecidas e reconhecidas, em âmbito mundial, 1.556 zonas úmidas[1] ou Sítios Ramsar, dentre os quais a maior zona úmida continental do planeta: o Pantanal.
As funções ecológicas das zonas úmidas são fundamentais como reguladoras dos regimes de água e como berço de flora e fauna características, além de ser habitat especial de aves aquáticas.

No artigo 5º da Convenção de Ramsar está consignado que “as Partes Contratantes consultar-se-ão mutuamente sobre a execução das obrigações decorrentes desta Convenção, principalmente  no caso de uma zona úmida se estender sobre territórios de mais de uma Parte Contratante ou no caso em que a bacia hidrográfica seja compartilhada pelas Partes Contratantes. Deverão ao mesmo tempo empreender esforços no sentido de coordenar e apoiar políticas e regulamentos atuais e futuros relativos à conservação de zonas úmidas e à sua flora e fauna.”

A Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) é transfronteiriça, pois do Brasil ela se espraia pela Bolívia, Paraguai e Argentina. No Brasil são reconhecidos oito sítios Ramsar que incluem o Pantanal (MT) e a Reserva Particular do Patrimônio Natural do SESC Pantanal[2].  A Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), por sua característica transfronteiriça, tem interferência direta na base da economia regional, inclusive da Bolívia e das regiões a jusante, pertencentes ao Paraguai e Argentina.
Modificar o regime de fluxo das águas através de barragens alteraria para sempre o regime natural das cheias no Pantanal.  Some-se a isso um dos impactos mais amplamente reconhecidos das barragens: sobre a migração de organismos.  As barragens impedem a migração reprodutiva de peixes causando a diminuição e até a extinção de inúmeras espécies[3]. Uma verdadeira hecatombe para um bioma como o Pantanal.

Na principal sub-bacia da Bacia do Alto Paraguai, a sub-bacia do Rio Cuiabá, há evidências de impactos ambientais causados pelo reservatório da usina de Manso; em quase todas as hidrelétricas e Pequenas Centrais Elétricas (PCHs) do Mato Grosso não existem sistemas de transposição de peixes, o que impede a piracema, quando eles sobem o rio para desova e reprodução.

Em função da sua fragilidade e do grau de impactos que vem sofrendo, o Pantanal já está sendo considerado como bioma ameaçado. As hidrelétricas provocam modificações do regime hidrológico e interferem na qualidade e no fluxo de águas. Os empreendimentos planejados para Bacia do Alto Paraguai podem influenciar na alteração dos pulsos de inundação na planície pantaneira e comprometer as fontes de água subterrâneas. A reprodução e a sobrevivência dos organismos que dependem da quantidade, qualidade, freqüência e ritmos das correntes da Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), podem estar seriamente ameaçadas.

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL)[4], na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP) são 53 usinas em operação, 04 em construção, 114 estudos e projetos atuais previstos .

A Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) é um instrumento da política ambiental e deveria atuar em níveis estratégicos de decisão com o objetivo de auxiliar antecipadamente os tomadores de decisão. No entanto, no caso dos projetos para o Pantanal, resta claro que esse contexto de decisão mais amplo e integrado para a proteção ambiental e para a melhor capacidade de avaliação de impactos cumulativos não está sendo adotado. A AAE deveria ser uma ferramenta de gestão ambiental a ser utilizada no início do processo de planejamento. 

Para concluir, fica o alerta de que o Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado do Pantanal e Bacias do Alto Paraguai, a cargo da Agência Nacional de Águas (ANA), não abordou as alterações decorrentes dos  empreendimentos hidrelétricos planejados para a Bacia do Alto Paraguai. Mais um absurdo!

(Blog Telma Monteiro, 09/08/2010)


desmatamento da amazônia (2116) emissões de gases-estufa (1872) emissões de co2 (1815) impactos mudança climática (1528) chuvas e inundações (1498) biocombustíveis (1416) direitos indígenas (1373) amazônia (1365) terras indígenas (1245) código florestal (1033) transgênicos (911) petrobras (908) desmatamento (906) cop/unfccc (891) etanol (891) hidrelétrica de belo monte (884) sustentabilidade (863) plano climático (836) mst (801) indústria do cigarro (752) extinção de espécies (740) hidrelétricas do rio madeira (727) celulose e papel (725) seca e estiagem (724) vazamento de petróleo (684) raposa serra do sol (683) gestão dos recursos hídricos (678) aracruz/vcp/fibria (678) silvicultura (675) impactos de hidrelétricas (673) gestão de resíduos (673) contaminação com agrotóxicos (627) educação e sustentabilidade (594) abastecimento de água (593) geração de energia (567) cvrd (563) tratamento de esgoto (561) passivos da mineração (555) política ambiental brasil (552) assentamentos reforma agrária (552) trabalho escravo (549) mata atlântica (537) biodiesel (527) conservação da biodiversidade (525) dengue (513) reservas brasileiras de petróleo (512) regularização fundiária (511) rio dos sinos (487) PAC (487) política ambiental dos eua (475) influenza gripe (472) incêndios florestais (471) plano diretor de porto alegre (466) conflito fundiário (452) cana-de-açúcar (451) agricultura familiar (447) transposição do são francisco (445) mercado de carbono (441) amianto (440) projeto orla do guaíba (436) sustentabilidade e capitalismo (429) eucalipto no pampa (427) emissões veiculares (422) zoneamento silvicultura (419) crueldade com animais (415) protocolo de kyoto (412) saúde pública (410) fontes alternativas (406) terremotos (406) agrotóxicos (398) demarcação de terras (394) segurança alimentar (388) exploração de petróleo (388) pesca industrial (388) danos ambientais (381) adaptação à mudança climática (379) passivos dos biocombustíveis (378) sacolas e embalagens plásticas (368) passivos de hidrelétricas (359) eucalipto (359)
- AmbienteJá desde 2001 -