Dados do Deter, Sistema de Monitoramento da Amazônia Legal em Tempo Real por Satélite, registraram uma queda de 49% do desmatamento em junho, em relação ao mesmo período de 2009, confirmando a trajetória de redução da área desmatada. A atividade econômica em crescimento e as taxas de desmatamento em queda indicam que o combate ao desflorestamento vem apresentando os resultados esperados.
Em diminuição desde 2004, com exceção apenas de 2008, as taxas de desmatamento devem ficar bem abaixo da meta de 9 mil Km2 estabelecida no Plano Nacional de Mudanças do Clima, apresentado pelo governo brasileiro na Conferência do Clima em Copenhagen, no final do ano passado.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse nesta segunda-feira (9/8), em entrevista coletiva, que essas previsões, com base nos números apresentados pelo Inpe até o mês de julho, podem ser confirmadas quando saírem os números do Prodes, em dezembro. "É a tendência", disse. O Inpe projeta um número menor de 4 mil Km2, que só poderá ser confirmado em dezembro.
Os novos números do Deter são animadores, já que a cobertura de nuvens em junho não passou de 28% em todo o território, o que quer dizer que os dados são bem mais confiáveis que os do ano passado, que teve 43% de cobertura. Quanto menos nublado o mês, melhor a visibilidade para o mapeamento por satélite, que faz leituras de cinco em cinco dias.
Apesar da redução do desmatamento em toda a Amazônia, alguns estados e municípios ainda apresentam dados preocupantes. É o caso de Novo Progresso, no Pará, que mesmo com o desmatamento em queda de 66%, lidera o ranking dos municípios que mais desmatam. O Inpe identificou as áreas ao longo da BR 163 (Cuiabá-Santarém), onde fica o município, e a Terra do Meio, região da BR-319, entre o Pará e o Maranhão, como os principais focos do desmatamento. O município de Lábrea, no Amazonas, que já constava na lista dos maiores desmatadores, também apresentou um acréscimo na área desmatada.
Izabella descartou a relação direta entre desmatamento e obras nas rodovias. Segundo ela, isso requer estudos mais aprofundados. Para a ministra, não é possível determinar uma única causa para o desmatamento, nem apontar as rodovias como as causadoras isoladamente. Ela anunciou que no final do ano, com os resultados do Prodes, que mede o desmatamento acumulado no período de doze meses, o governo terá condições de apresentar um diagnóstico mais preciso sobre o conjunto de fatores que levam ao desmatamento e formular novas alternativas de combate ao desmatamento em áreas críticas.
Os nove estados da Amazônia Legal estão com as taxas de desmatamento em queda, liderados pelo Pará, com a supressão de 160,6 Km2, seguido do Mato Grosso com 36,5 Km2 e Amazonas com 24,4 Km2. No total, foram desmatados 243,7 Km2 em junho de 2010 contra 578 Km2 em 2009/2010.
Perfil - O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, apresentou dados do sistema Prodes, que cobre áreas quatro vezes menores que o Deter, constatando a mudança no perfil do desmatamento na Amazônia. Nas áreas inferiores a 25 Km2, fora do alcance das lentes dos satélites que registram os dados do Deter, o desmatamento saltou de 20% para 60% do total da área desmatada nos últimos dez anos. Os novos estudos confirmam a suspeita de que o desmatamento em áreas anexas às já desmatadas, os "puxadinhos", são a modalidade preferida pelos desmatadores para driblarem a vigilância por satélite. Este tipo de estratégia é usada indistintamente por pequenos, médios e grandes proprietários de terra e indicam que o Governo deverá reforçar a fiscalização e controle dessas áreas.
(MMA, 09/08/2010)