Ativistas do Greenpeace simularam nesta segunda-feira (9) um vazamento de óleo em frente à sede da BP na capital paulista, em protesto contra o desastre ambiental provocado no golfo do México pela explosão de uma plataforma de petróleo da empresa no dia 20 de abril.
A simulação utilizou quatro barris cheios com uma substância preta (uma mistura de farinha com tinta não tóxica e lavável).
A atividade em frente ao escritório da BP em São Paulo durou cerca de meia hora e envolveu 15 ativistas. Eles derrubaram dois dos barris e fizeram furos nos outros dois, espalhando bichos de pelúcia sobre a substância preta que saía deles, representando a fauna do golfo do México atingida pelo petróleo que vazou da plataforma.
Os ativistas também prenderam uma placa no chão com a frase "BP hoje, pré-sal amanhã", lembrando dos riscos de se ir cada vez mais fundo na busca de uma "fonte suja de energia".
Segundo dados do governo dos Estados Unidos, o acidente liberou o equivalente a 5 milhões de barris de petróleo no Golfo do México, paralisando a pesca e o turismo no litoral de 4 estados americanos e causando danos ainda incalculáveis a ecossistemas costeiros e marinhos na região.
O número oficial, ainda não auditado por fontes independentes, é suficiente para transformar o vazamento da BP no maior da história e serve para lembrar dos riscos que o mundo corre para continuar a saciar a sua sede por combustíveis fósseis.
BRASIL
"Como já consumimos praticamente todo o petróleo em áreas de acesso mais fácil", aponta Ricardo Baitelo, coordenador da campanha de Energia do Greenpeace, "temos que ir cada vez mais longe e mais fundo para encontrá-lo".
As novas reservas brasileiras, por exemplo, que estão na camada do pré-sal, encontram-se a mais de 7 mil metros de profundidade. A plataforma acidentada da BP extraía petróleo no golfo do México a quase 2 mil metros de profundidade.
"O acidente demonstrou que não há tecnologia capaz de evitar grandes vazamentos no mar", diz Baitelo. Além da falta de segurança, o investimento na exploração de petróleo em águas profundas segue na contramão da necessidade de se buscar fontes de energia capazes de reverter a crise climática.
No caso do Brasil, existe um projeto de lei tramitando no Congresso para incentivar o investimento e a utilização de energias renováveis, limpas e seguras no país. "Mas o governo não parece interessado nele. Prefere enxergar o desenvolvimento do país na exploração das reservas do pré-sal", reclama o Greenpeace.
(Folha Online, 09/08/2010)