A rede de transporte coletivo planejada para Porto Alegre, batizada de “Portais da Cidade”, pode trocar de nome. Os técnicos, desde o início, consideram o nome inadequado, porque não dá a idéia de mobilidade.
Agora uma pesquisa com formadores de opinião indicou que os usuários não fazem relação da palavra “portal” com transporte coletivo, mas com turismo e até Internet. A troca do nome, ainda à espera de decisão política, não altera a essência do projeto.
O modelo está em discussão desde 2005 e foi consagrado e ampliado nas decisões sobre a Copa de 2014. É o BRT (Bus Rapid Transit), a rede de vias expressas para ônibus.
O sistema BRT, que pode ser traduzido como Transporte Rápido por Ônibus, foi desenvolvido originalmente em Curitiba, durante a gestão do prefeito Jaime Lerner.
Hoje é consagrado internacionalmente como alternativa mais barata, mais versátil e mais eficiente do que o metrô para cidades de porte médio. É o metrô sobre rodas. Está implantado em mais de uma centena de cidades em todo o mundo. O sistema de Porto Alegre está na fase inicial do planejamento.
Por enquanto saiu dinheiro apenas para desenvolvimento do projeto, 1 milhão de dólares financiados pela Corporação Andina de Fomento, uma fundação que investe em projetos de sustentabilidade.
A empresa Rogitrans, do Paraná, já está contratada para detalhar o projeto operacional, que é a base de todos os outros. Já estão trabalhando também a Profill, nas questões de meio ambiente, e a Pública, para comunicação e marqueting. Foi a Pública que fez a pesquisa sobre o nome.
A grande indefinição no projeto ainda é o centro da cidade. A idéia inicial, que deu nome ao projeto, de três grandes portais de transbordo no entorno do centro, está questionada, junto com o nome. Pergunta-se: como as linhas de ônibus vão cruzar o centro?.
Abrir ao tráfego na Esquina Democrática (cruzamento da avenida Borges de Medeiros com a rua da Praia)?. Vai se estabelecer um sistema binário com a Marechal Floriano, ou uma linha que contorne o centro da rodoviária até o Gasômetro?
São perguntas ainda sem resposta.
O projeto é bastante complexo. Envolve as prefeituras de toda a região metropolitana, as empresas de transporte de passageiros, toda uma legislação a ser criada para permitir a integração com o sistema metropolitano.
O custo de implantação dos sete corredores expressos* (alguns adaptações a penas) com os novos ônibus articulados e os pontos de integração, chega a 210 milhões de dólares. Essa Corporação Andina de Fomento, entra com 100 milhões de dólares. O restante vem de empréstimos da prefeitura junto à Caixa Econômica Federal.
* Sertório, Farrapos, Centro, Zona Sul,
Assis Brasil, Protasio Alves e Bento Gonçalves.
(Jornal JÁ, 07/08/2010)