Durante essa semana aconteceu nos municípios de Ortigueira e Telêmaco Borba, norte do Paraná, mais uma rodada de negociações entre a população atingida pela Usina Hidrelétrica Mauá e o consórcio Energético Cruzeiro do Sul, que constrói a barragem sobre o Rio Tibagi.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Procuradoria Estadual e o Ministério Público Federal discutiram a garantia do direito das famílias e o real número de atingidos. No EIA-RIMA (Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental) foram considerados atingidas apenas 175 famílias, no entanto hoje passam de 500. O MAB acredita que este número pode ser ainda maior.
Para o estado do Paraná estão previstos mais de 200 projetos de hidrelétricas. No Brasil são 1443 estudos para novas barragens, que se somarão às mais de 2 mil barragens já construídas, que expulsaram mais de 1 milhão de pessoas de suas terras, sendo que 70% das famílias não receberam nada de indenização.
A usina Mauá está sendo construída pelo Consórcio Energético Cruzeiro do Sul, constituído pelas empresas COPEL (51% das ações) e ELETROSUL (49% das ações), é a maior obra do PAC no estado e, segundo as lideranças do MAB no estado, “não poderá aumentar ainda mais os dados alarmantes que demonstram o descaso do setor elétrico brasileiro com a população atingida por barragem”.
As famílias temem que a obra seja concluída e não sejam reparados os inúmeros danos causados. Elas afirmam que irão à luta para garantir os seus direitos, uma das maiores preocupações e de perder a terra e ficar sem condições de sobrevivência. A coordenação do MAB no estado do Paraná tem discutido junto às famílias ameaçadas a possibilidade de construção de reassentamentos. “Mas para isso é necessário muito empenho dos atingidos, a história tem nos mostrado isso”, finalizou uma das lideranças.
(MAB, 06/08/2010)