A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos divulgou que grande parte do petróleo já teria sido coletada, queimada ou dissolvida, mas 26% dos 4,9 milhões de barris despejados no oceano ainda são uma ameaça
Nesta quarta-feira (4), a BP realizou com sucesso a operação de inundar com lama e outros detritos o poço da plataforma Deepwater Horizon que tem despejado petróleo no Golfo do México desde abril, no maior desastre ambiental da história dos Estados Unidos.
Apesar de ainda não ser a solução definitiva - que só virá com a abertura de outros poços para aliviar a pressão do petróleo -, é a primeira vez que o vazamento está totalmente interrompido. Agora, com a situação aparentemente sob controle é hora de analisar os efeitos do desastre.
Foi o que fez a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) que divulgou o maior relatório até o momento sobre o destino dos 4,9 milhões de barris que foram despejados no oceano.
Segundo a NOAA, a maior parte do petróleo evaporou, foi queimado, recolhido ou dispersado. Fatores naturais teriam sido fundamentais para isso, mas o trabalho das equipes de limpeza também foi importante e pode ser considerado um sucesso.
Um terço do total do petróleo que vazou foi capturado ou mitigado por operações da equipe de limpeza, o que inclui ações de queima, coleta e dispersão química. Cerca de 25% do óleo teria naturalmente evaporado ou dissolvido, outros 16% teriam dispersado em porções microscópicas.
Porém, 26% seguem logo abaixo da superfície ou foram carregados para as praias. Indicadores coletados pela NOAA sugerem que esse material já estaria se degradando rapidamente por diversos fatores naturais.
O estudo não traz conclusões sobre os impactos do vazamento para o ecossistema. Para a agência será preciso mais tempo e pesquisas para ser possível enxergar todas as conseqüências dessa tragédia. Mas existe a esperança de que as bactérias abundantes na região devido à água quente e a quantidade favorável de nutrientes possibilitem a degradação do petróleo em um ritmo muito mais veloz que o esperado.
Credibilidade
Apesar do relatório ter sido elaborado por cientistas de agências federais com a ajuda de pesquisadores de Universidades e de companhias como a Exxon Mobil, muitos duvidam que seus dados estejam corretos.
“Não tem como ter sido coletada tanta informação em tão pouco tempo. O gráfico parece atraente, mas eu não tenho a menor confiança nas suas informações”, afirmou Jim Cowan, professor de oceanografia da Universidade do Estado da Louisiana.
A administradora da NOAA, Jane Lubchenco, minimiza as críticas. “Ninguém está dizendo que não há mais ameaça. Acho que é um consenso dentro e fora do governo de que os efeitos do vazamento serão sentidos por décadas”, concluiu.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 05/08/2010)