O chanceler argentino, Héctor Timerman, negou hoje que tenha confirmado o fechamento da fábrica de pasta de celulose se fosse comprovado que a indústria estaria contaminando o Rio Uruguai.
"De maneira nenhuma o chanceler argentino pode fechar alguma coisa no Uruguai", esclareceu Timerman em uma entrevista concedida à rádio El Espectador, de Montevidéu.
A instalação de uma fábrica finlandesa de pasta de celulose no município de Fray Bentos, no Uruguai, durante o governo de Tabaré Vazquez, causou um dos maiores conflitos diplomáticos da história entre Montevidéu e Buenos Aires. A fábrica, instalada ao lado do rio e na fronteira com o país vizinho, violou um tratado internacional, de acordo com a sentença emitida pelo Tribunal Internacional de Justiça, de Haia, em abril deste ano.
O chanceler argentino afirmou que "inclusive se contaminasse uma empresa no Uruguai, não tenho autoridade para fazer nada" e pediu que "quero que descartem [essa hipótese] porque é ridícula".
O chefe da diplomacia argentina negou declarações publicadas neste sentido pelo jornal La Nacional de Buenos Aires, e insistiu que "jamais poderia dizer algo assim. Se houver contaminação, eu não teria nenhuma autoridade no Uruguai para fazer nada". Ele também deixou claro que "os únicos argentinos que vão entrar nas fábricas do Uruguai são os cientistas que serão designados pelo governo argentino. Nada mais".
Timerman também negou a mesma versão em uma entrevista à emissora de rádio FM Uno, de seu país. "Não posso fechar nada. Não tenho autoridade para isso", declarou.
Porém, "caso haja algum alerta para a saúde humana, serão tomadas ações imediatamente", assegurou o diplomata, que confirmou que "em menos de trinta dias" será criado o comitê científico que levará adiante o trabalho de monitoramento que, "a partir de agora, começará a qualquer momento".
Segundo o jornal La Nación, as declarações de Timerman surgiram após uma "dura troca de opiniões" durante uma reunião que manteve com membros da assembleia de Gualeguaychú, cidade argentina mais afetada pela construção da fábrica.
Os presidentes do Uruguai, José Mujica, e da Argentina, Cristina Kirchner, assinaram um acordo no dia 28 de julho, em Buenos Aires, sobre um plano de monitoramento conjunto para o rio Uruguai. O monitoramento será realizado por cientistas de ambos os países em estabelecimentos fabris situados nas duas margens do rio.
O entendimento colocou fim ao conflito diplomático que se arrasta desde novembro de 2007. (ANSA)
(Ansa, 05/08/2010)