A fabricante de cigarros Souza Cruz lucrou R$ 706,519 milhões no primeiro semestre, 23,4% a menos do que os R$ 922,004 milhões obtidos no mesmo período de 2009, segundo o padrão contábil internacional (IFRS).
A redução no volume de vendas de cigarros e de exportações de fumo e também o efeito da valorização do real frente ao dólar prejudicaram o desempenho operacional da companhia, que apresentou receita líquida de R$ 2,562 bilhões no semestre, 14,4% inferior aos R$ 2,994 bilhões registrados nos primeiros seis meses do ano passado.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,023 bilhão, sendo 17,6% inferior aos R$ 1,241 bilhão do primeiro semestre de 2009.
Segundo a Souza Cruz, o volume de vendas caiu 3,3% no semestre, para 35,7 bilhões de cigarros. "Essa variação reflete a elasticidade média histórica do setor a aumentos de preços, como os ocorridos em abril de 2009 e maio de 2010", diz a empresa em nota.
Apesar da redução no volume, a companhia ampliou em 0,4 ponto percentual sua participação no mercado brasileiro, atingindo 62,1%.
Mesmo assim, a Souza Cruz aproveitou a divulgação do balanço para criticar "a forte carga tributária existente na cadeia de produção e comercialização de cigarros", o que favorece o aumento da "participação de marcas contrabandeadas no mercado brasileiro".
Os impostos incidentes sobre as vendas de cigarros somaram R$ 3,6 bilhões no semestre, um crescimento de 35% em relação ao desembolso do mesmo período de 2009.
As exportações de fumo totalizaram 36,1 mil toneladas no semestre, 33% menores do que no mesmo semestre do ano passado, quando foram comercializadas 53,4 mil toneladas. "Esse decréscimo no volume exportado decorre, dentre outros fatores, do cronograma de embarques estabelecido pelos clientes", diz a Souza Cruz.
O resultado da atividade ainda foi prejudicado pela apreciação de 18% do real em relação ao dólar no período. Por outro lado, a empresa conseguiu reajustar em 14% os preços em dólar do fumo, principalmente em função do melhor mix do produto exportado.
A companhia informou ainda que vai propor ao Conselho de Administração o pagamento de dividendos intermediários no montante de R$ 541,1 milhões, ou R$ 1,77 por ação. O Conselho já havia aprovado, em 21 de junho, a distribuição de juros sobre capital próprio de R$ 26,7 milhões, ou R$ 0,087188 por ação. Ambos os proventos serão pagos em 30 de agosto.
(Por Téo Takar, Valor Online, O Globo, 05/08/2010)