Entidades representativas do setor fumageiro estão preocupadas diante da proposta de proibir a adição de ingredientes na fabricação do cigarro, prevista nos artigos 9 e 10 da Convenção-Quadro. Para discutir o assunto e articular medidas para sensibilizar o governo brasileiro, será promovida uma reunião na tarde de hoje na sede da Afubra, em Santa Cruz do Sul. Já confirmaram presença no evento a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Federaçao dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag), Sinditabaco, Câmara Setorial do Tabaco e Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo).
Segundo o presidente da Câmara Setorial do Tabaco e diretor da Afubra, Romeu Schneider, o objetivo do encontro é estudar ações e montar estratégias para garantir a manutenção do Burley no País, tabaco utilizado na fabricação do cigarro tipo american blend – o preferido dos consumidores brasileiros. Uma das possibilidades, adianta, é levar fumicultores para fazer protestos em Brasília. “Precisamos que as autoridades brasileiras se posicionem contra os artigos da Convenção”.
No final do mês de junho, o Brasil deveria ter encaminhado seu posicionamento oficial sobre o assunto à Organização Mundial da Saúde (OMS). Entretanto, o governo optou por protelar a decisão. “Provavelmente na tentativa de evitar polêmica às vésperas das eleições”, deduz Schneider. Como a 4ª Conferência das Partes (COP4) da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco acontece apenas em novembro, no Uruguai, ainda haverá tempo após o pleito para que as autoridades se posicionem.
A manutenção do atual sistema de produção do tabaco Burley é defendida pelas entidades do setor fumageiro. Conforme alegam, atualmente cerca de 50 mil famílias dos três estados do Sul vivem e dependem da atividade. Na região, o produto é mais comum no Centro-Serra, onde garante o sustento de 2,5 mil famílias. O município de Arroio do Tigre é o maior produtor brasileiro da variedade. Segundo Schneider, o País é um dos principais produtores, junto com Malawi (África), Estados Unidos e Argentina. Estimativas apontam uma produtividade média de 110 mil toneladas ao ano no Brasil, o que representa 18% da produção nacional de tabaco.
(Gazeta do Sul, 05/08/2010)