A projeção é de uma safra de tabaco menor no período 2010/2011. Segundo pesquisa feita junto aos produtores do Sul do País pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), a área de produção do tabaco tipo Virgínia deve diminuir 2% e a do Burley 6%. Na safra 2009/2010, a área plantada foi de 370,8 mil hectares, que renderam aproximadamente 691,9 toneladas.
A redução na área cultivada é aprovada pela Afubra. Conforme explica o presidente Benício Werner, no final da última comercialização não houve uma maior demanda das indústrias pelo produto, como ocorreu nas três últimas safras. Neste contexto, o momento deve ser de cautela por uma questão de rentabilidade. “É importante manter o equilíbrio entre oferta e demanda”, pondera.
Mesmo diante das atuais perspectivas, o transplante das mudas para as lavouras iniciou na região baixa do Vale do Rio Pardo, em municípios como Vale Verde, Vale do Sol, Vera Cruz e Candelária. Estima-se que pelo menos 10% do tabaco já tenha sido plantado nessa área. De acordo com Werner, em nível de Rio Grande do Sul, este índice pode ser menos da metade. “No Estado, não devemos ter atingido nem 5% das lavouras.”
Em comparação a safras anteriores, o transplante das mudas neste período está menor. No ano passado, muitos fumicultores somaram perdas por causa da incidência de geada durante o mês de agosto. Com a previsão meteorológica indicando frio intenso para os próximos dias, diversos produtores ainda protelam o plantio. No Vale do Rio Pardo, o trabalho se intensifica nas lavouras a partir de setembro. Nas localidades mais altas, o plantio começa, geralmente, de outubro em diante.
Trabalho
Nem mesmo a possibilidade de intempéries climáticas afasta a disposição da família Wagner, em Faxinal de Dentro, no município de Vale do Sol. O produtor Elói e a esposa Jussara iniciaram o transplante das mudas de tabaco na última segunda-feira. Segundo explica, o serviço será feito em duas etapas. “Precisamos trabalhar dessa maneira para adiantar a safra e a estufa dar vencimento na época de cura.” Agora, serão transplantados cerca de 40 mil pés de tabaco. O restante fica para a segunda quinzena de setembro.
Esta será a primeira safra na propriedade. Anteriormente, a família cultivava em Pinhal Trombudo, mas sempre iniciou o plantio em agosto. Conforme Wagner, a geada assusta, mas não atrasa o processo. “É necessário arriscar, porque o colono precisa pagar suas contas.” Para o período 2010/2011, ele espera uma safra cheia e melhores condições aos fumicultores. “Esperamos que as empresas negociem com o agricultor e valorizem melhor o produto.”
Panorama
Enquanto o plantio inicia em algumas áreas do Rio Grande do Sul, em outras regiões produtoras os fumicultores já estão prestes a colher a atual safra de fumo. Produtores de municípios do litoral sul catarinense plantaram o tabaco entre os meses de maio e junho e agora iniciam a colheita. A safra é feita com dois meses de diferença em relação à região do Vale do Rio Pardo. No oeste do Paraná, alguns fumicultores fazem até duas safras por ano. Eles colhem a safrinha em meados de julho e, a partir de agora, iniciam o segundo plantio.
(Gazeta do Sul, 04/08/2010)