Defeitos na rede de abastecimento de Santa Cruz do Sul provocam a perda de mais da metade da água tratada pela Corsan. A conclusão é do estudo da empresa responsável pelo Plano de Saneamento da cidade. Os gráficos também confirmam o baixo índice de esgoto tratado.
Os levantamentos estão sendo realizados pela Beck de Souza Engenharia, de Porto Alegre, vencedora da licitação para confecção do Plano de Saneamento. Além de obrigatório por lei federal, o estudo vai definir os deveres do vencedor da concorrência que escolherá, em 2011, a empresa ou companhia responsável pelo abastecimento na cidade. Os apontamentos da Beck de Souza vão embasar até mesmo o edital da licitação.
Segundo Patrique Passos, procurador da Prefeitura e presidente da comissão especial que acompanha a elaboração do plano, a Beck de Souza está encerrando a terceira fase do estudo, onde serão apontados investimentos a serem realizados para sanar os problemas e acompanhar o crescimento populacional. Na primeira fase foram apresentados mapas da rede e das bacias hidrográficas e, na segunda, um complexo estudo com a realidade atual do sistema.
Foi nesta segunda etapa que surgiu o relatório mostrando o prejuízo causado pelos defeitos na rede. Conforme Elias Dresch, engenheiro bioquímico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento (SEMMAS), os dados apresentados pela empresa mostram que são tratados, em Santa Cruz, 12,4 milhões de metros cúbicos de água por ano. Entretanto, apenas 5,3 milhões de metros cúbicos são consumidos no período, sugerindo uma perda anual de 7,1 milhões de metros cúbicos – o equivalente a 57% do total.
Os gráficos também mostram que apenas 4,9 milhões de metros cúbicos são faturados, ou seja, convertidos em pagamento do consumidor à Corsan. Dresch observa ainda que a média de fornecimento de água per capita em Santa Cruz é de 147 litros diários por habitante – na quantia são somados volumes gastos pelas empresas –, enquanto a Associação Brasileira de Normas Técnicas estabelece 200 litros por dia.
CORSAN
Embora a Corsan seja uma das principais fontes de informação da pesquisa, o gerente local da companhia, Luiz Fernando Barbosa, diz estranhar os números do estudo. Segundo ele, os levantamentos da própria Corsan fixam em 35% o índice de perda de água tratada na rede da cidade. “É uma quantia aceitável, abaixo da média nacional, que é de 40%”, afirma. Para Barbosa, os gráficos do plano devem ser reavaliados.
Mais dados
•• Apenas 862,73 mil metros cúbicos de esgoto são tratados na cidade, menos de 7% do total.
•• Na cidade há 447 quilômetros de redes de água e 30 mil ligações (entradas para casas, empresas e edifícios).
•• O sistema tem 40.482 economias (clientes).
•• A média diária de perda de água é de 728,05 litros por ligação.
(Por Ricardo Düren, Gazeta do Sul, 04/08/2010)