O carro elétrico fará parte da paisagem urbana do futuro. Converter-se-á no segundo carro e será usado, sobretudo, na cidade. Mas ainda precisa enfrentar alguns desafios, como o desenvolvimento das infraestruturas de recarga e das baterias. Disso falaram especialistas em uma mesa redonda da Universidade Menéndez Pelayo de Santander.
Para Luis Padial, do gabinete da Secretaria de Estado de Energia, o carro elétrico terá grandes vantagens. Entre elas, resolver a dependência energética da Espanha, contribuir para diversificar a geração de energia e potencializar a produção autônoma. Além disso, em 2020 poderá absorver 10% da oferta de eletricidade. No entanto, “hoje, o carro elétrico não é competência do térmico”, precisou. Ainda resta muito por fazer para fomentar a demanda, algo que se poderá conseguir com o aumento dos pontos de recarga, maior informação sobre esta e privilegiando o uso do carro ecológico por parte das entidades locais. Quanto ao problema das baterias, a garrafa está meio cheia. “Há espaço para a pesquisa a médio prazo”, disse Padial consciente de que “o carro elétrico representa uma oportunidade do ponto de vista industrial e tecnológico”.
Uma visão compartilhada pelo subdiretor de políticas setoriais do Ministério da Indústria, Timoteo de la Fuente. Algumas grandes marcas automobilísticas já desenvolvem carros híbridos e elétricos, o que significa que vai se abrindo caminho. Mas, apesar de ser muito mais eficiente que o motor a combustão interna – o aproveitamento energético de um motor de carro elétrico chega a 70%, ao passo que o de combustão é de 17% –, o lastro de sua ainda escassa autonomia faz com que o carro elétrico não consiga se desprender do perfil de segundo carro, restrito ao uso urbano.
Os especialistas lembraram que a população se concentra nas cidades e que as necessidades dos motoristas na cidade – 50% percorrem menos de 20 quilômetros por dia – encaixam na autonomia de 150 quilômetros. “Bastaria carregá-lo uma vez por semana”, assinala De la Fuente. “O objetivo é ter 350.000 pontos de recarga em 2014 e um milhão de carros elétricos (250.000 elétricos e 750.000 híbridos); mas hoje há 24 milhões de carros nas ruas”, acrescentou.
À demanda escassa e ao preço elevado [em torno dos 30.000 euros] se somam outros desafios tecnológicos que condicionariam o futuro da mobilidade, como a fabricação de baterias. Mesmo que a União Europeia contemple o carro elétrico em seus planos para promover as energias limpas, será necessário continuar melhorando a eficiência do motor de combustão, uma vez que o carro elétrico é desenvolvido no longo prazo, segundo assinalou o chefe da unidade adjunta da direção geral de mobilidade e transporte da União Europeia, Franz Söldner.
(Por Elena Hidalgo, El País, tradução Cepat, IHU-Unisinos, 03/08/2010)