O número de mulheres fumantes que desenvolve doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) está aumentando rapidamente, mas a existência ou não de uma susceptibilidade diferencial por sexo permanece controversa. Um novo estudo publicado na revista Thorax contou com 954 pacientes com DPOC e 955 indivíduos sem DPOC. O estudo centrou-se em dois subgrupos: pacientes com DPOC <60 anos de idade (grupo de início precoce, n = 316) e pacientes com DPOC com <20 maços-ano de tabagismo (grupo de baixa exposição, n = 241). No grupo de baixa exposição, indivíduos do sexo feminino com DPOC apresentaram menor volume expiratório forçado em 1 s (FEV1)% previsto (48,7% VS 55,8%, p = 0,001) e doença mais grave (50,4% VS 35,6%, p = 0,020) do que indivíduos do sexo masculino com DPOC.
As mulheres também apresentaram menor VEF1% previsto (50,6% VS 56.0%, p = 0,006) e doença mais grave (41,7% VS 31.1% p = 0,050) no grupo de início precoce. O número de maços-ano não foi significativamente associado com a função pulmonar em indivíduos do sexo feminino com DPOC neste estudo, a relação dose-resposta entre fumo e função pulmonar diferiu por gênero nos níveis mais baixos de exposição ao fumo. O efeito do tabagismo sobre a função pulmonar pode ser diferente em função do sexo (p = 0,027 em todos os pacientes com DPOC).
Os autores concluíram que o sexo feminino foi associado com redução da função pulmonar e doença mais grave em pacientes com DPOC, com início precoce da doença ou baixa exposição ao tabagismo. Os resultados podem sugerir uma diferença entre os sexos na susceptibilidade aos efeitos nocivos do tabagismo sobre o pulmão, porém explicações alternativas devem ser consideradas.
(Boa Saúde, 02/08/2010)