Mesmo com a pressão chinesa para que o assunto fosse arquivado, empresas serão indagadas sobre a acusação de que estariam aumentando suas emissões propositalmente para lucrarem com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
O Painel das Nações Unidas para Metodologias do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo anunciou que intensificará as investigações sobre as alegações de que empresas estariam deliberadamente aumentando suas emissões de gases do efeito estufa para aproveitar uma brecha na legislação do MDL e assim lucrar com o esquema.
A decisão chega depois do alerta de uma coalizão de grupos ambientais conhecida como CDM Watch de que muitas companhias estão produzindo uma quantidade anormal de hidrofluorcarbonos (HFCs) para lucrarem com a venda de Reduções Certificadas de Emissões (RCEs).
“O MDL preveniu que grandes quantidades de GEEs entrassem na atmosfera, mas é prudente investigar se a metodologia existente é suficiente para prevenir ‘incentivos perversos’ que levem as empresas a aumentarem suas emissões”, disse Clifford Mahlung, presidente da diretoria executiva do MDL.
O Fundo Chinês de MDL, uma entidade estatal, criticou na última semana a possibilidade de investigações e reformas. “Nós consideramos que alguns dos pontos chave dessas denuncias são contrários aos fatos e não possuem embasamento científico”, afirma uma carta assinada por 10 empresas chinesas e endossada pelo Fundo.
A China recebe mais benefícios financeiros do mecanismo do que qualquer outro país.
Muitos analistas temiam que a pressão do gigante asiático poderia engessar as reformas do MDL, mas aparentemente os apelos chineses pouco influenciaram a ONU.
Mais segurança
A reunião da diretoria executiva do MDL que foi realizada na última sexta-feira (31) anunciou ainda progressos nos processos de acreditação para novos projetos de redução de emissões.
“Os novos procedimentos são mais seguros e ainda assim permitem mais tempo para que as empresas possam responder as questões sobre suas atividades. Foi um grande avanço na busca de uma maior credibilidade e de facilitar a expansão do número de projetos”, afirmou Mahlung.
O MDL foi sempre criticado pelos desenvolvedores de projetos, que alegam que a documentação requerida para entrar no esquema é muito onerosa para os pequenos empreendimentos.
A diretoria também decidiu liberar as empresas de certificação TÜV-SÜD e KEMCO a voltarem a operar. Elas haviam sido suspensas por aprovarem projetos que violaram regras de procedimento.
Outras empresas que ganharam acesso ao mercado de certificação foram as Deloitte Cert e Deloitte-TECO.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 02/08/2010)