Eles coletam sementes usadas por fazendeiros para replantio.
Entorno de reserva teve 3 mil km² desmatados para agricultura.
A bacia do Rio Xingu, em Mato Grosso, enfrenta um sério problema: as florestas que protegiam suas nascentes foram derrubadas para o plantio de capim e soja, numa área de 300 mil hectares (3 mil km²). Índios do Parque do Xingu estão ajudando a reflorestar essas áreas.
O desmatamento para a formação das lavouras chega até a divisa do parque. O problema é que durante a abertura das áreas muitos agricultores avançaram nas matas ciliares dos riachos que alimentam o Rio Xingu e hoje estão sendo pressionados a fazer a recuperação dessas áreas.
A maior reserva de espécies nativas da região está no Parque Indígena do Xingu. A convite do Instituto Socioambiental, organização não-governamental que trabalha com os índios, quatro etnias do parque estão trabalhando na coleta de sementes das árvores da reserva. A campanha leva o nome de Y Ikatu Xingu - que na lingua kamaiurá quer dizer: "Salve a água boa do Xingu".
Os ikpenges falam língua da família caribe e vivem na margem esquerda do Rio Xingu. O primeiro contato deles com o homem branco se deu no início dos anos 60. Hoje a tribo tem 400 índios, na maioria jovens que trabalham na coleta de sementes.
A extração de sementes passou a ser uma fonte de renda. Tudo que coletam é comercializado na cidade de Canarana, em Mato Grosso. Para escolher as espécies mais importantes, os ikpenges fizeram um mapeamento da floresta.
(Globo Amazônia, 02/08/2010)