Está prevista para amanhã a entrada em operação de uma caldeira para geração de energia elétrica em PCTs - pequenas centrais térmicas - utilizando tecnologia de combustão desenvolvida na Fundação de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (Cientec) - que tem como principal característica a possibilidade de usar qualquer tipo de combustível sólido. A planta de demonstração da tecnologia será utilizada para testes de combustão com geração de energia elétrica operando em paralelo com as caldeiras da UTE São Jerônimo do sistema Eletrobras/CGTEE.
O projeto foi financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), governo do Estado do Rio Grande do Sul e Eletrobras. Como combustível será utilizado carvão mineral residual (resultante de sistema de beneficiamento) da Companhia Riograndense de Mineração (CRM).
É também o marco inicial das pesquisas para obtenção do conceito de "emissões zero". A unidade será dotada de todos os sistemas possíveis para minimizar as emissões (cinzas, compostos sulfurosos e dióxido de carbono) em sub-produtos aproveitáveis em diversos setores industriais, tais como: produção de cal hidratada, zeolitas, cimento, tijolos ou blocos estruturais a partir da utilização das cinzas e obtenção de sulfato de amônia para agricultura a partir do abatimento de compostos sulfurosos. Igualmente será a primeira unidade latino-americana preparada para desenvolver pesquisas na recuperação dos dióxido de carbono, gás do efeito estufa, podendo operar no sistema de oxi-combustão (combustão de oxigênio no lugar do ar) com recirculação de gases de combustão.
Conforme informou o coordenador do projeto Leandro Dalla Zen, doutor em aproveitamento energético de resíduos, pesquisador da Cientec e professor da Unisinos, trata-se de uma das poucas unidades de pesquisas em todo o mundo que apresenta a possibilidade de trabalhos de pesquisa e demonstração de testes de combustão em um equipamento acoplado ao ciclo completo de geração de energia termoelétrica.
A unidade é ainda um complemento do Laboratório de Combustão da Cientec e estará operando em redes nacionais, tais como a Rede Nacional de Combustão e a Rede Nacional de Carvão Mineral, contando com a participação de diversos laboratórios que desenvolverão trabalhos em conjunto. Entre os laboratórios participantes estão o de Máquinas Térmicas da Unisinos e os de Siderurgia (Lasid) e de Processamento Mineral (Laprom) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). A tecnologia é adequada para a implantação de PCTs até 30 megawatts (MW) elétricos de potência.
(Correio do Povo, 02/08/2010)