O pior desastre ambiental da história dos Estados Unidos completou 100 dias nesta quarta-feira (28) mais perto de uma solução definitiva, mas ainda com um saldo incalculável dos estragos causados à natureza.
A explosão da plataforma “Deepwater Horizon”, controlada pela BP (antiga British Petroleum), no dia 20 de abril na costa da Louisiana matou 11 trabalhadores e, segundo estimativas do governo norte-americano, jogou no mar do golfo do México entre 356 e 697 milhões de litros de petróleo.
A petrolífera aceitou pagar US$ 20 bilhões para formar um fundo independente para custear os estragos reivindicados pela população e empresários atingidos pelo vazamento de petróleo no golfo do México.
O governo dos Estados Unidos admitiu que o trabalho de mitigação dos efeitos do vazamento na natureza do golfo do México pode levar anos. A mancha de petróleo se desintegrou em muitos pedaços, e isso fez o óleo se espalhasse por uma grande área maior.
Segundo especialistas, os trabalhos de retenção da mancha à deriva na região podem durar até o início de dezembro.
Os pescadores e moradores da região afetada pelo derramento contabilizam prejuízos e ainda não têm dúvidas sobre o futuro. Conheça algumas das histórias:
Restaurantes
Os proprietários do restaurante de frutos do mar Barrios Seafood, em Golden Meadow, na Louisiana, perderam cerca de 50% do movimento depois da explosão da plataforma Deepwater Horizon. “Os turistas pararam de vir pra cá imediatamente”, contou Alicia Barrios. “Agora é difícil conseguir frutos do mar do golfo, os preços subiram e as pessoas estão preocupadas em comê-los”, disse.
O marido de Alicia, Thomas Barrios, deixou o restaurante e hoje trabalha em um dos barcos que faz a limpeza do óleo na região. Os proprietários tiveram que despedir dois de seus funcionários agora que o comércio local abre as portas apenas dois dias por semana.
Pesca
Darlene Kimball, fornecedora de frutos do mar de Pass Christian, no Mississippi, se preparava para um verão movimentado quando a explosão da plataforma mudou seus planos. Onde antes compradores levavam centenas de quilos de camarão em seus barcos para revender em outros lugares, hoje apenas embarcações de limpeza contratadas pela BP aportam no local.
A indústria de frutos do mar de Darlene foi fundada em 1930 por seu avô, agora, ela lamenta as perdas. “Não há nada em volta de mim. Minha cultura se foi, minha vida se foi. Tudo o que meu avô e meu pai trabalharam arduamente para realizar está em perigo”, lamentou.
Comércio e turismo
Há 100 dias, Frank Besson cuidava de seus empreendimentos em Grand Isle para a alta temporada que estava por chegar. O restaurante, bar e uma loja de lembranças da região faturavam alto com a ida e vinda dos turistas.
Hoje, o restaurante está fechado por tempo indeterminado, o bar abre apenas no final das noites para um ou dois clientes que insistem em frenquentá-lo e a loja quase não vende mais nada.
Segundo Bresson, o que lhe salvou da falência foi o aluguel de duas de suas casas para a BP, que continua os trabalhos de limpeza na região.
Praias
O vazamento de óleo da BP provocou o fechamento de muitas das praias dos cinco Estados norte-americanos que ficam no golfo do México: Louisiana, Flórida, Alabama, Mississippi e Texas.
Ao todo, desde a chegada do petróleo no litoral, mais de 2,2 mil fechamentos de praias, alertas de saúde ou avisos foram emitidos pelo governo norte-americano na região do golfo do México de acordo com o relatório da Natural Resources Defense Council.
No ano passado, sem o problema do óleo, foram emitidos apenas 235 alertas e fechamentos, principalmente devido a bactérias encontradas na água.
Perdas da BP
A BP teve um prejuízo de US$ 17 bilhões no segundo trimestre deste ano, em comparação com lucro de US$ 3,1 bi no mesmo período em 2009. Excluídos os gastos com o vazamento, a empresa teria lucrado US$ 5 bi.
A empresa separou US$ 32 bilhões para arcar com os custos da limpeza do vazamento no golfo e com indenizações
Depois do derramamento, a BP perdeu 35% do seu valor de mercado.
Quanto já vazou
Melhor cenário
356 milhões de litros
142 piscinas olímpicas
Pior cenário
697 milhões de litros
279 piscinas olímpicas
(UOL Notícias, com informações de agências internacionais, EcoDebate, 30/07/2010)