Entra em funcionamento hoje a nova comporta central do Muro da Mauá, no Cais do Porto de Porto Alegre. O principal diferencial do novo portão de chapa de aço é o seu acionamento, feito de maneira hidráulica. Ele permite que a estrutura de 4,2 toneladas seja fechada em menos de um minuto. A inauguração oficial será às 10h, com a presença do prefeito José Fortunati.
Essa é a primeira das 14 comportas existentes que passarão por reforma. Na execução das obras, o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), responsável pelo serviço, investirá mais de R$ 1,7 milhão na substituição do conjunto de portões. A previsão é de que a troca integral termine em outubro. Após essa etapa, está previsto o início da reforma das casas de bombas.
Segundo o diretor do DEP, Ernesto da Cruz Teixeira, essa é a primeira fase do processo de revitalização e modernização do Cais do Porto. "Os equipamentos ainda eram da década de 60. Os que estão sendo instalados são o que de mais moderno existe e com capacidade para enfrentar os efeitos provocados pela umidade, por sol e chuva", afirmou.
A inauguração integra as comemorações dos 37 anos do DEP. A comporta que foi reformada tem 3,1 metros de altura e 7,7 metros de comprimento. O peso médio das outras estruturas é em torno de 900 quilos a 1,5 tonelada.
Durante a cerimônia de inauguração será feita uma homenagem ao ex-secretário municipal extraordinário da Copa de 2014 Ervino Besson, que faleceu na semana passada. "Como vereador, ele teve uma atuação muito forte em relação à derrubada do Muro da Mauá e ao processo de revitalização do Cais. É uma maneira de homenageá-lo", destacou Teixeira.
Segundo o diretor do DEP, com a inovação do acionamento hidráulico, a manutenção será mínima, trazendo economia. A mudança terminará ainda com o problema de choques elétricos que ocorriam em algumas ocasiões nos dias de chuva.
As comportas integram o Sistema de Proteção Contra as Cheias, construído em 1970. Os portões tinham como finalidade evitar que as águas do Guaíba e do rio Gravataí atingissem o Centro da Capital, como ocorreu em 1941. Ao todo, o sistema é formado por 68 quilômetros de diques, 2,6 metros de muro, 14 comportas e 18 casas de bombas. O diretor explicou que as comportas estavam deterioradas devido à ação do tempo, com pontos avançados de oxidação, e outros travados, sem condições de movimentação. Além das melhorias, as estruturas foram limpas e chumbadas.
Apesar das discussões sobre derrubar o Muro da Mauá, Teixeira ressaltou que é uma medida inviável dentro do cenário atual. O transbordamento do Guaíba atingiu em duas ocasiões os seus portões, em 1983 e 1992, além da inundação de 1941. "Com as mudanças climáticas, não podemos derrubar o muro e terminar com essa proteção da população, mesmo que nem todo mundo entenda assim", afirmou ele.
(Correio do Povo, 30/07/2010)